Bolsonaro sobre Jair Renan, investigado pela PF: “Que Deus o proteja”
Jair Renan prestou depoimento na semana passada no inquérito que apura supostos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou, nesta quarta-feira (13/4), sobre acusações que recaem sobre o filho 04, Jair Renan Bolsonaro, que prestou depoimento à Polícia Federal (PF) na última quinta-feira (7/4). A investigação faz parte do inquérito que apura supostos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Bolsonaro disse que uma ida de Jair Renan a um ministério e a relação dele com um grupo que tinha intenção de fazer negócios com o governo federal justificaram acusações de tráfico de influência, que visam apenas desgastar a Presidência da República.
O mandatário lembrou ainda que não convive muito com o filho e se isentou de dizer se ele agiu corretamente ou não.
“O moleque tem 24 anos agora. Acho que ninguém conhece ele. Vive com a mãe e há muito tempo está longe de mim, mas recebo ele de vez em quando aqui. Tem a vida dele. Não vou dizer se está certo ou está errado, mas peço a Deus que o proteja”, disse ele. “Mas isso é o tempo todo, é 24 horas por dia. Mas não tem problema, a gente vai fazendo a nossa parte”, concluiu.
As declarações foram proferidas em discurso durante café da manhã com pastores evangélicos, realizado nesta quarta no Palácio da Alvorada.
Entenda
A PF investiga se, em novembro de 2020, Jair Renan atuou para que o grupo empresarial Gramazini conseguisse duas reuniões no Ministério do Desenvolvimento Regional para tratar de um projeto de construção de casas populares, em troca de ter possivelmente recebido benefícios da empresa.
Em entrevista ao SBT após quatro horas de depoimento, Jair Renan negou que tenha facilitado o agendamento de reuniões de um grupo empresarial no Ministério do Desenvolvimento Regional em troca de benefícios.
Sobre o encontro do qual ele teria participado na pasta, a defesa, feita pelo advogado da família Frederick Wassef, argumentou: “Ele esteve uma vez em um ministério, foi convidado. Entrou mudo e saiu calado. Ele não organizou a reunião, não promoveu a reunião, foi convidado por um amigo, uma das pessoas que estavam na reunião e não teve qualquer ingerência”.
“Não marquei nenhuma reunião com o governo. Nunca pedi nada ao governo direta ou indiretamente. Eu não faço parte do governo federal”, disse Jair Renan. “Nunca pedi para ir a reunião. Só me convidaram. Fui porque conhecia o pessoal lá. Entrei mudo e saí calado.”
Um dos supostos benefícios seria um carro elétrico de R$ 90 mil dado ao personal trainer Allan Lucena, então parceiro comercial de Jair Renan em uma empresa. Depois do início das investigações, a defesa de Lucena informou que o automóvel foi devolvido aos empresários.
Café da manhã com pastores
O evento com representantes das Assembleias de Deus, na manhã desta quarta, não constava na agenda oficial do presidente da República. Também estavam presentes ministros, parlamentares evangélicos, a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves e a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Esta é parte das agendas de Bolsonaro em direção ao eleitorado evangélico. A ofensiva foi intensificada após declarações do ex-presidente Lula (PT) sobre o aborto.
Na semana passada, Lula defendeu a descriminalização do aborto no país e apontou que o tema deveria ser tratado como uma questão de saúde pública, e não como crime. Após ser alvo de críticas de religiosos e bolsonaristas, ele repetiu ser pessoalmente contrário ao aborto, mas enfatizou a defesa de que a questão precisa ser tratada como saúde pública.