Bolsonaro sobre impeachment de ministros do STF: “Não vou cooptar senadores”
Presidente reafirmou que vai pedir ao Senado o impeachment de ministros do Supremo, mas disse que não vai interferir na decisão de senadores
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou, nesta terça-feira (17/8), que vai apresentar ao Senado Federal pedidos de impedimento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como havia adiantado no fim de semana. Desta vez, porém, ele declarou que não pretende interferir na decisão dos senadores, responsáveis por analisar os requerimentos.
“Quando perguntam: ‘O que você vai fazer?’. Esta semana tem novidades, dentro das quatro linhas da Constituição. Temos novidades pela frente. Eu vou entrar com pedido de impedimento dos ministros no Senado, colocar lá. O que o Senado vai fazer? Está com o Senado agora, é independência. Eu não vou tentar cooptar senadores de uma forma ou de outra, oferecendo alguma coisa para eles, etc. etc. etc. para eles votarem o impeachment deles ”, disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Capital Notícia, de Cuiabá (MT).
Bolsonaro pedirá ao Senado Federal abertura de processo contra dois membros do STF: Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
O anúncio veio um dia após o ministro Alexandre de Moraes determinar a prisão do ex-deputado e dirigente nacional do PTB, Roberto Jefferson, por suposta participação em uma organização criminosa digital montada para atacar a democracia.
O clima entre Bolsonaro, o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esquentou nos últimos dias, após ataques do presidente às urnas eletrônicas. No fim da semana passada, Moraes abriu investigação contra o chefe do Executivo nacional por ele ter divulgado, em suas redes sociais, inquérito sigiloso da Polícia Federal sobre a invasão de um hacker ao sistema de computadores da Corte eleitoral.
O mandatário também tem feito críticas duras a Barroso, presidente do TSE, por divergências em torno do voto impresso. Bolsonaro tem dito reiteradas vezes que o ministro interferiu no Legislativo, ao se reunir com líderes de partidos para defender o sistema eletrônico de votação.
“Eu não vou fazer como o senhor Luís Barroso fez, do TSE, que foi para dentro do Parlamento reunir com lideranças partidárias, e após essa reunião, no dia seguinte, a maioria das lideranças resolveu trocar os integrantes da comissão por parlamentares que votariam contrários à PEC do Voto Impresso”, prosseguiu o chefe do Executivo federal, na entrevista desta terça.
Bolsonaro ainda disse não ver problemas no apoio demonstrado por governadores ao Supremo, mas afirmou que a instituição está indo além de suas atribuições. Governadores de 13 estados e do Distrito Federal divulgaram, na segunda-feira (16/8), uma nota pública em solidariedade ao STF, aos ministros e às famílias, citando “constantes ameaças e agressões” à Corte.
“Onde é que o Supremo não está fazendo sua parte, indo além da sua parte? Nós queremos equilíbrio. Nenhum de nós, chefe de poder, é maior do que o outro”, comentou o titular do Palácio do Planalto.
O presidente da República ainda disse que critica pontualmente alguns ministros da Suprema Corte e disse que “isso faz parte da vida democrática”.