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Bolsonaro sobre extração de potássio: “Não precisamos ser dependentes”

Presidente tem defendido a exploração de terras indígenas para permitir a extração de potássio e produzir fertilizantes

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Bolsonaro discursa em coletiva com microfone. Ele veste terno preto e gravata amarela-Metrópoles
1 de 1 Bolsonaro discursa em coletiva com microfone. Ele veste terno preto e gravata amarela-Metrópoles - Foto: Getty Images

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (9/3) que a agricultura brasileira “vai muito bem”, mesmo em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que despertou debates sobre a dependência do Brasil na importação de fertilizantes. O presidente defende a aprovação de um projeto que tramita no Congresso Nacional que permite o garimpo em terras indígenas.

A ideia ventilada pelo governo é que a exploração das regiões permitiria a extração de potássio – matéria-prima na produção de fertilizantes. Com isso, segundo Bolsonaro, o Brasil deixaria de ser dependente da importação de adubos de outros países.

“A agricultura vai muito bem. O pessoal [do campo] se empenha, se prepara. A questão do potássio, desde 2008 eu falo sobre isso, como deputado. Agora, essa crise despertou que nós temos tudo. Não precisamos ser dependentes praticamente de ninguém nem de nada”, afirmou o presidente durante conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada. O trecho foi transmitido por um canal simpatizante ao governo.

Segundo um estudo feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no entanto, apenas 11% das regiões em que possivelmente existem jazidas de potássio ficam em terras indígenas. Além disso, o levantamento mostrou que as reservas de potássio já existentes no Brasil têm autonomia para sustentar o país até 2100, não sendo necessária, portanto, a exploração de terras indígenas.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

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Discussão no Congresso

A Câmara dos Deputados discute o projeto que libera garimpo em terras indígenas. Nesta quarta-feira, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a criação de um grupo de trabalho para debater a proposta. O texto deve ser apreciado pelo plenário na primeira quinzena de abril.

Os deputados aprovaram, na noite desta quarta-feira, a “urgência” do projeto, que dispensa a análise do texto em comissões temáticas. Bolsonaro antecipou que a proposta seria aprovada.

“Deve ter sido aprovada a urgência. [O texto] Não é apenas mineração. Tudo que o fazendeiro faz na sua terra, o índio poderia fazer na dele também. Deve ser aprovado”, disse o presidente.

Programa nacional de fertilizantes

Em meio ao temor de que o conflito entre Rússia e Ucrânia afete a agricultura brasileira, o governo federal deve lançar um programa para estimular a produção nacional de fertilizantes.

O Brasil depende, em parte, do fornecimento da Rússia para disponibilizar o material à agricultura nacional e a guerra no Leste Europeu dificulta a importação do produto. A Rússia fornece 23% dos fertilizantes importados pelo Brasil.

Fertilizantes químicos são usados pelos agricultores para aumentar a produtividade do solo. De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil é o quarto consumidor mundial de fertilizantes e importa cerca de 80% do volume utilizado na produção agrícola. Entre 2020 e 2021, a importação brasileira de fertilizantes da Rússia cresceu 22%.

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