Bolsonaro sobre eleições argentinas: “Bandidos de esquerda voltando”
Em discurso no Piauí, presidente brasileiro referiu-se a Alberto Fernandez e Cristina Kirchner, que venceram as primárias com 47% dos votos
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL), em viagem ao Piauí, voltou a se falar das eleições argentinas nesta quarta-feira (14/08/2019), demonstrando contrariedade com o resultado das primárias, realizadas no último domingo (11/08/2019). O presidente se referiu aos vencedores das primárias no país vizinho, Alberto Fernández e Cristina Kirchner como “bandidos de esquerda”.
“A Argentina começa a trilhar o rumo da Venezuela. Porque nas primárias, bandidos de esquerda começaram a voltar ao poder”, disse o presidente em visita a Parnaíba, cidade do litoral do estado. “O Brasil tem a sua tradição, é um povo que ama a democracia. O que o pessoal de esquerda sempre quis roubar a nossa liberdade”, prosseguiu o presidente.
Fernández e Cristina venceram as eleições primárias, derrotando o atual mandatário do país, Mauricio Macri, com 47% dos votos válidos, 15 pontos a mais que Macri. Na Argentina, os candidatos são escolhidos em um processo anterior às eleições, que demandam a ida às urnas dos eleitores para, antes da escolha dos seus futuros representantes, eles escolham quem sairá candidato. Pelo formato, a etapa prévia é considerada uma antecipação das tendências que serão levadas às urnas. Macri teve apoio declarado de Bolsonaro, que em sua viagem à Argentina reforçou a sua preferência pela manutenção do atual mandatário na Casa Rosada.
Na segunda-feira (12/08/2019), ao comentar o resultado das eleições, Bolsonaro disse que o Rio Grande do Sul, um dos estados brasileiros que fazem fronteira com a Argentina, pode tonar-se “nova Roraima”, em alusão ao estado que recebe imigrantes que fogem da crise da Venezuela.
“Povo gaúcho, se essa ‘esquerdalha’ voltar aqui na Argentina, nós poderemos ter no Rio Grande do Sul um novo estado de Roraima”, disse Bolsonaro nesta segunda-feira (12/08/2019), em Pelotas (RS), durante evento para inaugurar 47 quilômetros de duplicação da BR-116. O presidente afirmou que “a turma de Cristina Kirchner” é a mesma de Dilma Rousseff, Hugo Chávez e Fidel Castro.
“Não queremos isso, irmãos argentinos fugindo para cá, tendo em vista o que de ruim que parece que vai se concretizar por lá, caso essas eleições realizadas ontem se confirmem agora no mês de outubro”, completou.
Fernandez, por sua vez, rebateu o brasileiro, classificando-o de “racista, misógino e violento”. Fernández, entretanto, disse que o presidente brasileiro é apenas uma “circunstância da vida” e que pretende manter boas relações com o Brasil, caso seja eleito em outubro.
“Coisa do capeta”
Bolsonaro, após ser recebido aos gritos de “mito” no Piauí, classificou o seu governo como “cristão” e disse que as escolas, por influência das suas ideias, já estão acabando com a chamada “ideologia de gênero”, que segundo ele, é “coisa do capeta”. Além disso, o mandatário da República fez um discurso a favor da flexibilização do porte de armas, dizendo que elas são sinônimo de “força e liberdade”.
“O povo armado não será subjugado. Arma é sinônimo de força e liberdade”, opinou o presidente.