Bolsonaro sobre CPI: “Capeta querendo apurar alguma coisa no paraíso”
O relatório final da CPI da Covid deve ser apresentado até 16 de setembro pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), desafeto do presidente
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a dizer, nesta terça-feira (24/8), que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 não tem o que apresentar contra ele e, sem citar nomes, debochou do colegiado, ao dizer tem um “capeta querendo apurar alguma coisa no paraíso”.
O relatório final da CPI deve ser apresentado até o dia 16 de setembro pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), desafeto do presidente. O parecer trará a sugestão de indiciamento de pessoas que o relator julgar terem cometido crimes relacionados à pandemia, entre eles o próprio presidente.
“Aqui não tem corrupção. Se aparecer, a gente apura. Tem uma CPI que vão me denunciar por curandeirismo e charlatanismo. Sinal de que não tem o que apresentar. E olha quem tá na frente dela. Não tem sentido, né? É o capeta querendo apurar alguma coisa no paraíso. O que conforta a gente é ter consciência em paz”, disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada.
Veja a íntegra da conversa de Bolsonaro com apoiadores:
Ações e omissões
A CPI da Covid foi instalada em abril para investigar ações e omissões do governo federal no combate à pandemia e acabou avançando também em denúncias de irregularidades na aquisição de imunizantes contra a Covid-19.
Uma das denúncias recai sobre o ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello, que teria negociado, com intermediadores, a aquisição de 30 milhões de doses da vacina Coronavac pelo triplo do preço praticado pelo Instituto Butantan.
A CPI avança com suspeitas de irregularidades em contratações de outros imunizantes, como é o caso da vacina indiana Covaxin, alvo de investigações por quebra de contrato e superfaturamento. Após as denúncias virem à tona, o contrato foi suspenso pelo Ministério da Saúde.
Propina
Também é investigado o oferecimento de propina na negociação de 400 milhões de doses da AstraZeneca pela Davati Medical Supply. Segundo um representante da empresa, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina contra a Covid-19 para que o contrato com a pasta fosse fechado. A farmacêutica nega trabalhar com intermediários.
A CPI ainda investiga a existência de um “gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente”, responsável pela defesa de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, como a hidroxicloroquina.