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Bolsonaro se desculpa por “caneladas”, mas não ganha apoio para Previdência

Nesta quinta, presidente recebeu representantes de seis partidos. Na próxima semana, serão mais seis. Onyx Lorenzoni considerou dia positivo

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Marcos Corrêa/PR
29/01/2019 Reunia?o do Conselho de Governo
1 de 1 29/01/2019 Reunia?o do Conselho de Governo - Foto: Marcos Corrêa/PR

Depois de um dia inteiro de conversas entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e caciques de seis partidos políticos para ampliar a articulação política entre o Planalto e o Congresso Nacional, esta quinta-feira (4/4) terminou sem qualquer uma das siglas aderir totalmente ao principal projeto da gestão Bolsonaro: a reforma da Previdência.

Presidentes e líderes do PRB, PSD, PSDB, PP, DEM e MDB na Câmara e no Senado foram recebidos por Bolsonaro e Onyx, no gabinete presidencial, entre 9h e 18h desta quinta. As conversas incluíram um pedido formal de desculpas do pesselista:

Todos concordaram que é momento de passar por cima das nossas diferenças, do que aconteceu no período eleitoral. O presidente, com a sua humildade, se desculpou por uma canelada aqui e acolá. E a gente vai conseguir uma coisa que é muito importante, unir todos que são verde e amarelo a favor do Brasil

Onyx Lorenzoni, em entrevista coletiva sobre o dia de reuniões no Planalto

Siglas que não compõem formalmente a base de apoio do governo federal – como PSD, PSDB e MDB – não se animaram a embarcar no projeto de Bolsonaro neste momento. E todos os partidos, segundo o ministro da Casa Civil, falaram o mesmo sobre a proposta de reformulação das regras de aposentadoria dos brasileiros: entendem a necessidade da reforma, mas não apoiam o projeto integralmente.

“O PSDB tem uma postura de independência em relação ao governo, não há nenhum tipo de troca. Votamos com o Brasil, aquilo que a gente entende ser importante, o partido vai votar favorável à Previdência”, afirmou o presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin.

“Todos foram unânimes em reconhecer que a nova Previdência não é projeto do governo Bolsonaro, mas uma necessidade do Brasil”, disse Onyx, que tentou passar otimismo sobre o dia de reuniões durante entrevista à imprensa, após a rodada de negociações ser encerrada – já no início da noite.

“Quando a gente estende a mão para o diálogo, tem que respeitar o posicionamento de cada partido, que cada um tem uma circunstância. O melhor ‘fechamento de questão’ que tem é o convencimento, é entender que o Brasil precisa de todos”, declarou o ministro.

Listando o trâmite da PEC da Previdência, Onyx Lorenzoni afirmou que a expectativa do governo é ter uma “votação positiva” na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e, depois, discutir pontualmente a reforma na comissão especial a ser instalada na Casa para apreciar a proposta. “Cada dia com sua agonia”, resumiu.

“O partido não fechará questão, mas faremos um esforço bastante intenso no sentido de mostrar aos parlamentares a importância dela [reforma da Previdência] para o Brasil”, afirmou o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab (SP). Segundo ele, a reforma segue em sintonia com os projetos do PSD e, por isso, não haverá dificuldade em convencer os deputados da bancada. “Haverá uma boa vontade do partido”, garantiu.

Já o presidente nacional do DEM, o prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, disse ser preciso esperar a formação final da PEC para decidir se a sigla fechará questão a favor da reforma. “O DEM também quer dar contribuições ao texto e, se for majoritário no partido, podemos fechar questão sim”, afirmou. Apesar de ainda não ter uma conclusão sobre a decisão, ACM disse que, devido aos “princípios e bandeiras” do partido, os democratas entendem ser necessário que a reforma seja votada com urgência.

Conselho de líderes
Segundo o ministro, o presidente da República ficou “muito satisfeito” com essa primeira rodada de reuniões com os líderes partidários. “Todos os presidentes de partidos reiteraram a disposição de ajudar a construir uma relação positiva entre o governo e o Parlamento. A urna nos deu a atribuição de construir uma nova forma de relação, de fazer política”, comentou.

“Foram conversas muito boas, no sentido de construirmos uma relação institucional entre o presidente e os partidos, melhorando o diálogo com o Congresso Nacional”, completou o titular da Casa Civil, uma das pastas responsáveis pela articulação política da atual gestão federal.

Durante o encontro, o presidente da República formalizou aos líderes partidários convite para integrarem um conselho de governo. Convite esse que será estendido a mais seis siglas que têm encontro marcado com Bolsonaro, entre as próximas terça (9) e quarta-feira (10): Podemos, PSL, PR, Novo, Avante e Solidariedade.

A ideia, segundo Onyx Lorenzoni, é que o grupo tenha reuniões mensais para formar uma agenda positiva. Como exemplo, citou “projetos de interesse do país” apresentados nesta tarde pelo último cacique partidário recebido no Planalto, Romero Jucá, presidente interino do MDB. A lista levada pelo ex-senador inclui “ações que vão desde a nova Previdência, passam pela reforma tributária e incluem a descentralização de recursos públicos”, conforme antecipou o chefe da Casa Civil.

Segundo o presidente interino do MDB, o ex-senador por Roraima Romero Jucá, “é preciso construir uma nova modelagem na relação política. A modelagem anterior foi vencida pelas urnas”. A conversa, de acordo com ele, seria institucional e não sobre a formação de uma base do governo. “O MDB não quer ser base, quer ter uma agenda. A questão de ser ou não ser base é uma discussão passada. Agora a discussão é temática, é por projetos”, completou.

“[O conselho] Servirá para o aconselhamento do governo, para trazer contribuições e novas propostas. O governo é humilde. O objetivo é acertar. Esse é um governo que vai dialogar e respeitar”, encerrou Onyx Lorenzoni.

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