Bolsonaro rebate críticas e diz que “reduziu” homicídios de indígenas
Em publicação nas redes sociais, presidente não apresentou dados dessa suposta redução de mortes da população indígena
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira (20/6) que seu governo tem trabalhado em favor dos indígenas, realizando a fiscalização de terras, e que sua gestão “reduziu” os homicídios entre a população indígena. O chefe do Executivo federal não apresentou dados dessa suposta redução de mortes.
“Os dados mostram que aumentamos os investimentos na proteção de indígenas isolados em mais de 300% e na fiscalização de terras indígenas em 150%. Inclusive reduzimos os homicídios de índios, assentados, sem terra, posseiros e quilombolas, atingindo média de mortes no campo menor que no governo do PT”, escreveu o presidente nas redes sociais.
Exclusivo: Funai retirou armas usadas na proteção de indígenas no Vale do Javari
Veja a publicação completa abaixo:
A declaração de Bolsonaro ocorre em um momento em que o governo se vê pressionado pela repercussão das mortes do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira (leia mais abaixo), que colocaram em evidência a escalada da violência na região amazônica. No início do mês, os dois foram assassinados durante expedição à região da terra indígena Vale do Javari.
Segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos últimos 10 anos, de 2012 a 2021, a Amazônia registrou mais de 70% das mortes por conflitos fundiários no Brasil. A pesquisa apontou que 313 pessoas foram mortas em função da disputa de terra na região. Os mais afetados, de acordo com o levantamento, foram os indígenas (26% das mortes) e os quilombolas (17%).
Um outro relatório do Centro de Documentação da Comissão Pastoral da Terra (Cedoc-CPT) revelou que, de janeiro a maio deste ano, 19 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo no Brasil. Em todo o ano de 2021 foram registrados 35 homicídios.
Assassinato de jornalista e indigenista
Phillips, 57, e Pereira, 41, desapareceram em 5 de junho, no fim de um curto trajeto pelo rio Itaquaí. Pereira acompanhava Phillips em viagem de reportagem para um livro sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia, mas o barco não chegou a Atalaia do Norte, conforme programado.
O desaparecimento foi comunicado às autoridades e à imprensa pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Lideranças indígenas atuaram nas buscas ao lado das autoridades.
O exame médico-legal, realizado pelos peritos da PF, indica que a morte de Dom Phillips foi causada por traumatismo toracoabdominal por disparo de arma de fogo com munição típica de caça. Foram identificados “múltiplos balins” (múltiplos projéteis de arma de fogo), ocasionando lesões na região abdominal e torácica. Ele foi atingido com um tiro.
A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”.
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