Bolsonaro reage a inquérito aberto no STF: “Querem intimidar quem?”
Ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou abertura de inquérito sobre participação do presidente no vazamento de investigação da PF
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reagiu, nesta quinta-feira (12/8), à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu inquérito para apurar a participação do chefe do Executivo federal no vazamento de uma investigação sigilosa da Polícia Federal.
“Querem intimidar quem? A justiça é para todos. Todo mundo do Brasil, ou grande parte dos brasileiros, quer a certeza de quem eles votarem. O voto vai para lá”, disse o presidente, durante sua live semanal nas redes sociais.
“O pessoal já copiou [os arquivos]. Todo mundo já copiou. Eu tenho cópias aqui. Segredo de Justiça? O que estavam fazendo, não levando o inquérito para frente, é um crime contra a democracia”, prosseguiu.
Na semana passada, o mandatário divulgou, nas redes sociais, a íntegra de um inquérito sigiloso da Polícia Federal que apura suposto ataque ao sistema interno do TSE em 2018.
Defensor do voto impresso, o presidente usou o inquérito para embasar suas declarações contra o atual sistema eleitoral. Na investigação, a Corte Eleitoral teria admitido invasão às urnas nas eleições de 2018, segundo Bolsonaro.
Códigos-fonte
Na época, a Polícia Federal chegou a abrir um inquérito para apurar uma suposta invasão a sistemas internos do TSE por hackers. A revelação da invasão na intranet da Corte foi feita pelo site TecMundo, especializado em notícias de tecnologia. O portal disse que recebeu mensagens de hackers narrando como conseguiram invadir sistemas internos da Corte. A reportagem, no entanto, não fala em invasão a urnas.
De acordo com a reportagem, os invasores tiveram acesso a informações privilegiadas e confidenciais, como troca de e-mails, envio de senhas para juízes, credenciais de acesso e também um aplicativo com dados sobre candidatos e eleitores.
Segundo o site, um dos hackers disse que conseguiu “milhares de códigos-fontes, documentos sigilosos e até mesmo credenciais”. Apesar disso, a obtenção do código-fonte não permite o controle sobre urnas eletrônicas, uma vez que o equipamento não está conectado a uma rede de internet.
Delegado afastado
Na decisão desta quinta, o ministro Alexandre de Moraes ainda determinou o afastamento do delegado da Victor Neves Feitosa Campo da presidência do inquérito da PF. A determinação atendeu a uma notícia-crime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Moraes ainda decidiu que o deputado Filipe Barros (PSL-PR) e o delegado da PF deverão prestar depoimentos à corporação.