Bolsonaro quase esquece de Previdência em “live” semanal
Presidente foi lembrado por ministro e dedicou cerca de dois minutos ao tema. Ele também comentou sobre ida a Israel no próximo sábado (30)
atualizado
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O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), quase esqueceu de mencionar a reforma da Previdência, principal pauta do governo federal, durante a transmissão semanal ao vivo pelo Facebook.
“Acho que acabou. Ah! Previdência!”, exclamou o chefe do Executivo na noite desta quinta-feira (28/3), ao ser lembrado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que não aparece nas imagens. Dos 20 minutos de transmissão ao vivo, Bolsonaro dedicou menos de dois minutos e meio ao tema.
O presidente da República foi breve ao comentar sua prioridade econômica, que enfrentou turbulências para ter a tramitação iniciada na Câmara, a primeira Casa legislativa a apreciar a proposta de reformulação da aposentadoria dos brasileiros. Ele comentou a escolha de Marcelo Freitas (PSL-MG) para a relatoria do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e reclamou que, segundo o presidente, apenas os partidos de oposição estão contra a reforma.
“Quem está contra ainda é PT, PCdoB, Psol. Esse pessoal parece que não tem compromisso com o futuro do Brasil”, afirmou. Bolsonaro disse, também, que queria que homens se aposentassem aos 25 anos e mulheres, aos 20″, “mas não é possível”.
PDT e PT já fecharam questão contra a reforma da Previdência. Durante a semana, os líderes de diversos partidos na Câmara também assinaram um documento contra alguns pontos da proposta.
O presidente reforçou o discurso de que a reformulação das regras para aposentadoria tem o objetivo de evitar que o Brasil “quebre”. Ele destacou que o Congresso fará “as possíveis correções” e pediu “a devida celeridade” na apreciação da matéria para o país decolar. “A reforma da Previdência é essencial, necessária, e a gente espera que ela seja aprovada. Ou melhor, tenho certeza de que ela vai ser aprovada pela Câmara e pelo Senado”, completou.
Bolsonaro fez sua quarta “live” semanal, a primeira após o embate público com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em torno da reforma da Previdência, e a orientação aos quartéis do país para promoverem a “devida comemoração” do 31 de março, data que marca o aniversário do golpe militar de 1964.
O chefe do Executivo repetiu que a guerra de declarações entre ele o presidente da Câmara foi apenas uma “chuva de verão” e é “página virada”. Ele não mencionou a questão das “comemorações” do golpe, e disse esperar “’filar uma bóia’ na Câmara” com Maia após retornar da viagem a Israel.
Israel
Além de deixar a reforma da Previdência por último, Bolsonaro também comentou sobre o leilão da Ferrovia Norte-Sul, sobre o preço do diesel e a viagem internacional: ele embarca para Jerusalém no próximo sábado (30) e, nesta quinta, já havia dito da intenção de abrir um escritório do Brasil em Israel.
Ao lado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, Bolsonaro afirmou que fará “muita coisa” durante a visita oficial a Israel. Mencionou, como exemplo, que um grupo de empresários irá ao país a convite da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Também falou sobre a irrigação no deserto, que deve acompanhar com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes – a quem rasgou elogios. Sem explicar pormenores, Bolsonaro disse que “com toda a certeza” haverá parcerias para explorar a tecnologia de irrigação israelense.
Caminhoneiros
Outra medida citada por Bolsonaro é a criação do chamado “cartão caminhoneiro”. De acordo com o presidente, em, no máximo, 90 dias, a categoria terá o documento que dará direito a 500 litros de diesel pelo mesmo preço.
Bolsonaro disse, ainda, que a Petrobras passará a fazer reajustes no preço do combustível quinzenalmente, para atender a uma reclamação do setor, que tinha o “preço do frete engolido” pelo valor do diesel.
Na rede
Bolsonaro tem usado as lives como nova estratégia de comunicação após episódios polêmicos envolvendo suas redes sociais. A ideia do governo é que ele comente, ao lado de ministros e auxiliares próximos, os assuntos do Executivo que considera mais importantes.
Na semana passada, Bolsonaro disse que “não queria fazer a reforma da Previdência”, mas que era obrigado a fazer os ajustes nas aposentadorias. Antes, o presidente já tinha aproveitado a audiência para comentar temas como exportação de bananas do Equador e sua vontade de acabar com lombadas eletrônicas, além de criticar as placas padrão do Mercosul para veículos brasileiros.