Bolsonaro promete divulgar dados reais sobre o desmatamento no país
O presidente participou da assinatura de contrato de concessão da ferrovia Norte-Sul, em Anápolis (GO), nesta quarta-feira (31/07/2019)
atualizado
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O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), disse nesta quarta-feira (31/07/2019) que o governo vai divulgar dados reais sobre o desmatamento no país. Esses números seriam diferentes daqueles divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe). As informações, segundo o chefe do Executivo, serão uma “surpresa” e devem ser conhecidas ainda nesta quarta.
“Espera hoje que vamos dar o dado real para vocês”, disse o presidente.
Segundo Bolsonaro, os novos números foram compilados por uma ação do Ministério da Infraestrutura e do Meio Ambiente que deixaram de contabilizar como desmatamento áreas consideradas pelo Inpe como “de alerta de desmatamento”. “Alerta de desmatamento não é desmatamento”, apontou, ao explicar a interferência nos dados do instituto.
Bolsonaro voltou a criticar a metodologia adotada pelo Inpe. “Então, um dado muito abrupto atrapalha a gente no comércio. Estamos em negociação com os Estados Unidos, com a Coreia do Sul, com o Japão. Vamos consolidar o Mercosul. Isso atrapalha a gente. Nós temos que, ao dar um dado importante como esse, a pessoa responsável, ela tem que ter certeza do que está falando. Ninguém quer censurar ninguém não”, afirmou.
Durante a coletiva, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, explicou alguns detalhes do trabalho do governo sobre os dados ambientais. “Muitas vezes há uma clareira e isso não quer dizer que é ilegal”, disse.
“Existem dois processos. Um é o Deter, que foi analisado. Ele detecta o quê? Tem um alerta. Eles estão desmatando e produzindo clareira. Agora, isso pode ser tudo dentro da legalidade. O Deter faz o alerta. O outro processo é divulgado de tempos em tempos e verifica se essa abertura é sobre área legal ou não”, explicou a ministra, referindo-se ao sistema de Detecção do Desmatamento e de Degradação das Florestas.
Assinatura
A entrevista foi concedida após Bolsonaro participar da assinatura do contrato de concessão da Ferrovia Norte-Sul, em Anápolis (GO). O leilão do trecho, que vai de Porto Nacional, no Tocantins, até Estrela D’Oeste, em São Paulo, promovido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em 28 de março, teve como vencedora a empresa Rumo Logística.
O trecho tem 1.537 quilômetros e o prazo de concessão é de 30 anos. A empresa vencedora terá de fazer R$ 2,719 bilhões em investimentos.
O evento ocorreu no Porto Seco. Ao chegar, Bolsonaro posou para fotos, entrou em uma locomotiva estacionada na ferrovia e vestiu o colete dos operários que trabalham no porto.
De acordo com informações da ANTT, o tramo central está totalmente concluído e encontra-se operacional e disponível para o transporte ferroviário comercial de cargas. A expectativa é que o início da operação ocorra até o fim de 2019.
Já o tramo sul, que interliga os estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, está com 95% das obras concluídas. Segundo as regras contratuais, a concessionária tem dois anos para finalizar as intervenções e iniciar as operações.