Bolsonaro: “Portaria que rebaixa pandemia para endemia sai neste mês”
Presidente disse que cuidados contra a Covid, como o uso de máscara, por exemplo, “não se justificam mais” e que pandemia “acabou”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (16/3) que o Ministério da Saúde deve rebaixar a pandemia de coronavírus para uma endemia até o final deste mês.
Em entrevista à TV Ponte Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte, na terça-feira (15/3), o chefe do Executivo federal disse que tem conversado com o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) e que a previsão de rebaixamento da pandemia para endemia ainda neste mês foi feita pelo próprio chefe da pasta sanitária. A entrevista foi veiculada nesta quarta (16/3).
Para decretar endemia, é necessário revogar a portaria que trata do estado de emergência sanitária em decorrência da pandemia da Covid-19, declarada em fevereiro de 2020.
“O nosso ministro da Saúde, o Queiroga, tem se comportado muito bem nessa questão. Eu tenho conversado com ele. Ele já sinalizou, há poucos dias, que seria uma portaria dele, como define a lei, nós aqui sairmos da pandemia e entrarmos na endemia. Ou seja, isso deve acontecer até o final deste mês”, disse o presidente.
Queiroga tem se reunido com autoridades para apresentar dados sobre a pandemia, como o número de internações e o avanço da vacinação de crianças e adultos.
Na semana passada, ele se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Nessa terça, foi recebido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Nesta semana, ele ainda tem um encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, para debater o mesmo assunto.
Na entrevista, Bolsonaro disse que os cuidados contra a Covid-19, como o uso de máscaras, por exemplo, “não se justificam mais”, uma vez que, segundo ele, a pandemia “chegou ao fim”.
“Realmente, não se justifica mais todos esses cuidados no tocante ao vírus, porque todo mundo vê que praticamente acabou isso daí. Você vê no próprio carnaval, nas praias, que o povo abandonou praticamente máscaras e outros cuidados. Por quê? Porque praticamente chegou ao fim”, afirmou.
Explosão de casos de Covid no mundo
Apesar da declaração de Bolsonaro, semanas após diversos países anunciarem o relaxamento de normas sanitárias – inclusive alguns estados do Brasil – o número de novos casos de Covid-19 aumentou exponencialmente.
A Alemanha, por exemplo, registrou na terça-feira 198.888 infecções (acima das 156.799 contabilizadas há uma semana), segundo dados do Instituto Robert Koch (RKI) de virologia, que monitora a situação da pandemia no país.
No mesmo período, 203 mortes foram notificadas. Até a segunda-feira (15/3), 75,7% da população alemã (62,9 milhões de pessoas) havia completado o esquema vacinal, e 57,8% (48,1 milhões) recebido a dose de reforço.
País com situação semelhante é a China, onde quase 30 milhões de pessoas foram confinadas, após o país ter o pior surto de Covid em dois anos. A população está sendo obrigada pelo governo a realizar testes em escala parecida ao do início da pandemia.
Nas últimas 24 horas, 5.280 casos foram notificados, o maior número desde o início de 2020. As informações são da Comissão Nacional de Saúde da China.
Em Jilin, província com os maiores números, os 24 milhões de moradores foram proibidos de fazer viagens entre cidades, dentro ou fora da região. Em Xangai, escolas foram fechadas e habitantes estão confinados em casa. Ao todo, 19 províncias comunicaram transmissão local das variantes Ômicron e Delta. Cidade mais populosa da China, Xangai teve todos os bairros isolados. Escolas agora adotam o ensino à distância e espaços culturais foram fechados.
Na Coreia do Sul, 293 óbitos foram confirmados em 24 horas, o maior número desde o início da pandemia no país. Segundo informações do jornal português Publico, o governo local indicou que o sistema hospitalar deve sofrer uma sobrecarga nas próximas semanas. O país também registrou o maior número de pacientes em situação grave da doença, 1.196.
Especialistas afirmam que a mais nova variante identificada, a Deltacron, pode estar levando ao aumento de casos. No Brasil, dois casos positivos da variante foram confirmados. A cepa, identificada pela primeira vez na França, combina características das mutações Delta e Ômicron.