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Bolsonaro: PF suspeita de uso irregular do cartão corporativo. Secom nega

Secretaria de Comunicação Social afirmou que débitos particulares são feitos com recursos da conta pessoal do presidente

atualizado

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Bolsonaro e Michelle Bolsonaro- Metropoles
1 de 1 Bolsonaro e Michelle Bolsonaro- Metropoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) emitiu nota, nesta terça-feira (27/9), para afirmar que pagamentos de débitos particulares são realizados com recursos exclusivos da conta pessoal do presidente Jair Bolsonaro (PL). O texto diz ainda que o mandatário “nunca sacou um só centavo no cartão corporativo pessoal”.

A nota é uma resposta à matéria do jornal Folha de S.Paulo. A reportagem apurou que a Polícia Federal (PF) encontrou no telefone do principal ajudante de ordens de Bolsonaro mensagens que levantaram suspeitas sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República.

Conversas por escrito, fotos e áudios trocados pelo tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens, com outros funcionários da Presidência sugerem a existência de depósitos fracionados e saques em dinheiro.

O material analisado pela Polícia Federal indica que as movimentações financeiras se destinavam a pagar contas pessoais da família presidencial e também de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

A investigação identificou pagamento fracionado para uma tia de Michelle, que cuida da filha do casal, Laura, de 11 anos, quando a primeira-dama está em compromissos ou em viagens. Realizações de depósitos fracionados e saques em espécie chamaram a atenção da polícia, que desconfia da tentativa de ocultar a procedência do dinheiro.

A Secom negou irregularidade nas transações. Na nota à imprensa, a secretaria alegou que o auxílio financeiro da primeira-dama à tia se dá “por questões de confiança pessoal e segurança”.

Há um inquérito policial analisando as transações sob suspeita, mas ainda não há acusação formal.

Quebra de sigilo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nas últimas semanas a quebra de sigilo bancário de Cid, atendendo a um pedido da PF, que busca descobrir a origem do dinheiro e investigar se há uso de verba pública.

A quebra de sigilo bancário ocorre no âmbito do caso que apurava o vazamento de uma investigação sobre um hacker no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Moraes compartilhou a apuração, que agora tramita no inquérito das milícias digitais.

Nessa investigação sobre o vazamento do caso do ataque ao TSE, Cid virou alvo por ter atuado no episódio e teve o sigilo telemático (e-mails, arquivos de celular e nuvem de armazenamento) quebrado por ordem de Moraes. Na análise desse material, a PF se deparou com as movimentações financeiras que considerou suspeitas.

Em conversas por aplicativos de mensagens, integrantes da Ajudância de Ordens trocam recibos de saques e depósitos e abordam o pagamento de boletos.

A Ajudância de Ordens é uma estrutura que funciona dentro do gabinete pessoal de Bolsonaro e cujos servidores, em sua maioria militares, atuam diretamente no dia a dia do presidente. Ele é considerado um dos funcionários mais próximos de Bolsonaro no Palácio do Planalto.

Leia a íntegra da nota da Secom:

A Secretaria Especial de Comunicação Social informa que a Ajudância de Ordens da Presidência presta serviços de assistência direta e imediata ao Presidente da República também nos assuntos de natureza pessoal, em regime de atendimento permanente e ininterrupto, em Brasília ou em viagem.

O desempenho de atividades notadamente particulares para atender o senhor Presidente da República, como, por exemplo, o pagamento de contas e boletos bancários está amparado pelo art. 8º do Anexo I, do Decreto 10.374, de 2020. Não ocorre “triangulação” com outros Ajudantes de Ordens, mas as mensagens trocadas entre os integrantes da Ajudância de Ordens referem-se às missões distribuídas entre eles para atendimento das demandas inerentes ao cargo.

Os pagamentos de contas particulares são realizados com recursos exclusivos da conta pessoal do senhor Presidente. O auxílio financeiro da Primeira-dama à tia se dá por questões de confiança pessoal e segurança, tendo em vista que, nas ausências da Primeira-Dama, é ela quem cuida da filha do casal.

Nenhum dos recursos referidos pelo repórter da Folha de São Paulo tem origem no suprimento de fundos. O Presidente da República nunca sacou um só centavo no cartão corporativo pessoal.

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