Bolsonaro: “Pedi nomes das pessoas que aprovaram vacinação de criança”
Presidente diz que população tem o direito de saber quem, na Anvisa, liberou a vacinação a partir dos 5 anos de idade
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (16/12) que não interfere na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas que pediu, extraoficialmente, o nome de quem aprovou, mais cedo, a aplicação da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. A liberação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
“A Anvisa não está subordinada a mim – deixar bem claro isso. Não interfiro lá. Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, formem o seu juízo. […] Você tem o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram a vacinação a partir de 5 anos para o seu filho”, disse o presidente durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Bolsonaro, que tem uma filha de 11 anos com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, disse que ainda vai estudar a nova orientação da Anvisa e ver “qual decisão tomar”.
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Início da imunização
Apesar da autorização da Anvisa para uso do imunizante Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, divulgada nesta quinta-feira (16/12), ainda não há expectativa para o início da imunização desse público no Brasil. Cabe ao Ministério da Saúde adquirir doses para essa população e incluí-la no Programa Nacional de Imunização contra a Covid.
Em nota divulgada à imprensa nesta semana, a Pfizer afirmou que o contrato mais recente firmado com o governo federal, para compra de 100 milhões de doses em 2022, permite a modificação das vacinas para diferentes faixas etárias.
Na prática, caso o Ministério da Saúde decida incluir as crianças no PNI no próximo ano, a farmacêutica poderá fornecer doses específicas para esse grupo, seguindo o acordo firmado com o governo. No entanto, nenhuma vacina com dosagem especial foi enviada ao Brasil até o momento.
“O terceiro contrato assinado com o governo brasileiro, no dia 29 de novembro de 2021, para o fornecimento de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 para o ano de 2022 também inclui a possibilidade de fornecimento de versões modificadas do imunizante para variantes, que poderão ser eventualmente desenvolvidas caso necessário, e versões para diferentes faixas etárias, conforme solicitação por parte do Ministério da Saúde”, informou o laboratório.
Dosagens diferentes
O gerente de Medicamentos, Gustavo Mendes, explicou que os estudos apresentados pela Pfizer e analisados pela Anvisa testaram três dosagens diferentes da vacina para avaliar qual seria a mais apropriada para a aplicação em crianças.
Os pacientes dessa faixa etária foram vacinados com um volume de 10 µg (microgramas) de imunizante. Em adultos, a dosagem é de 30 µg .
Cerca de 1.500 pessoas participaram da pesquisa tomando a vacina. Outras 750 receberam placebo. Todos os voluntários tiveram duas doses, com intervalo de 21 dias. De acordo com Mendes, o imunizante apresentou resultados positivos para a população infantil.
“Comparando crianças de 5 a 11 anos com pessoas de 16 a 25 anos, com a dosagem diferente, a gente observou que existe a mesma quantidade de anticorpos neutralizantes. A vacina tem um desempenho importante na geração de anticorpos nessa população”, afirmou.
Ele também pontuou que há presença “significativa” de anticorpos contra a variante Delta, mas que o surgimento de novas mutações do coronavírus deve ser observado para que o imunizante seja aprimorado.
De acordo com Suzie Marie, coordenadora da Gerência Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária, a maior parte dos eventos adversos relatados na aplicação da vacina em crianças é sem gravidade. Ela ressaltou que os benefícios superam os riscos, e pediu que os pacientes e os gestores de saúde estejam atentos aos possíveis efeitos adversos, que devem ser comunicados à agência.
“Os benefícios da vacina superam os riscos, e é fundamental a participação da sociedade no monitoramento pós uso”, frisou.