Bolsonaro pede a empresários boicote à imprensa: “Não anunciem”
Durante almoço com gestores financeiros, no Rio de Janeiro, presidente disse que veículos de comunicação “mentem o tempo todo”
atualizado
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Durante almoço com empresários fluminenses, nesta segunda-feira (4/4), o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu para que os gestores financeiros boicotem veículos nacionais de imprensa que, segundo ele, “mentem o tempo todo”. Em seu discurso, o chefe do Executivo federal sugeriu que empresários deixassem de anunciar em tais veículos de comunicação – embora não tenha dito nomes dos alvos.
“Eu peço a vocês [empresários], órgãos de imprensa que mentem o tempo todo, não anunciem nesses órgãos de imprensa. Não podemos avançar com mentiras. Falhas? Temos. Nós nos corrigimos quando se faz necessário. Mas realmente não é falha”, disse Bolsonaro.
Não é a primeira vez que Bolsonaro defende o boicote à imprensa nacional. Em 2020, por exemplo, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, ele disse que o empresário que publica anúncio em jornais “está ajudando o Brasil a afundar”.
No almoço desta segunda, o presidente disse que não é só a imprensa que o critica, mas também “dois ou três” que “ficam enchendo o saco o tempo todo”.
“E não é só a imprensa. Tem dois ou três de outro poder que ficam enchendo o saco o tempo todo. Não admitem a gente trabalhar em paz no nosso país. E dizer a todos vocês, vocês não serão ninguém se faturarem muito, mas se perder a liberdade”, afirmou.
Apesar de não ter citado nomes, o mandatário do país fez referência aos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e que também integram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE): Luís Roberto Barroso (ex-presidente da Corte), Edson Fachin (atual presidente) e Alexandre de Moraes (que irá presidir o tribunal no pleito de outubro).
Barroso, Fachin e Moraes são o alvo predileto da artilharia de Bolsonaro, que diz não criticar poderes, mas autoridades. Após manifestação de 7 de Setembro, no ano passado, o presidente chegou a pedir ao Senado o impeachment de Moraes, o que não prosperou.