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Bolsonaro não cumpriu promessas, diz deputado líder dos caminhoneiros

Presidente da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros, Nereu Crispim deu entrevista ao Metrópoles. Categoria promete greve em 1º de novembro

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Imagem colorida mostra deputado federal Nereu Crispim, que é contra abertura de CPI - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra deputado federal Nereu Crispim, que é contra abertura de CPI - Metrópoles - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, o deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS) afirmou, em entrevista ao Metrópoles, que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não avançou em sequer uma pauta positiva sobre os caminhoneiros.

“Houve várias reuniões para tratar daquelas pautas reivindicatórias lá de 2018, quando inclusive o então candidato a presidente Bolsonaro, na época, gravou um vídeo de apoio aos caminhoneiros, dando a entender que se ele fosse eleito trataria objetivamente de dar uma solução para as pautas reivindicatórias, que eram aquelas do piso mínimo, da aposentadoria aos 25 anos, do DTE [Documento Eletrônico de Transporte], que era a unificação dos documentos fiscais, dos pontos de parada. Durante esses dois anos e meio não foi entregue nenhuma dessas pautas aos caminhoneiros”, criticou o parlamentar.

“Essa política econômica que foi implementada até agora só está atendendo as grandes fortunas, o capital internacional e os investidores nas bolsas de valores”, diz.

Assista à íntegra da entrevista:

Crispim atua no setor há cerca de 25 anos. Ele participou da paralisação da categoria em maio de 2018 e foi eleito deputado federal pela primeira vez naquele ano, pelo estado do Rio Grande do Sul, com apoio do próprio presidente Jair Bolsonaro.

Os caminhoneiros se organizam para realizar uma paralisação no próximo dia 1º de novembro. A categoria está insatisfeita com a política de preços da Petrobras e a crescente alta do diesel, que acumula alta de 65,3% no ano. Os profissionais também querem a volta da aposentadoria especial – concedida depois de 25 anos de contribuições previdenciárias – e o cumprimento da chamada tabela de frete, que é alvo de ações na Justiça por empresas.

O presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros diz ser contrário à possível paralisação e tenta reverter a ideia. Nesta quinta-feira (28/10), haverá uma reunião de deputados e senadores com lideranças do setor para discutir a greve.

“Essa política de preços da Petrobras baseada na variação do dólar e no preço do barril do petróleo realmente causou um impacto enorme no transportador autônomo, onde [sic] já estava difícil o resultado financeiro do seu trabalho, praticamente nos causando um estado de miséria para quem está trabalhando hoje com caminhão por essas estradas brasileiras”, declarou o representante do setor.

Crispim cobra uma solução do governo federal, que, segundo o deputado, deixou de ouvir a categoria.

“[Reverter a intenção de paralisação] depende muito mais hoje do Poder Executivo, dos ministérios, do próprio Ministério da Economia, da Petrobras… Enfim, de estabelecer uma conversação respeitosa com os caminhoneiros autônomos”, afirma, ao contrapor a fala do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, que criticou “meia dúzia” de líderes dos caminhoneiros e afirmou haver chance “zero” de greve em 1º de novembro.

Após almoçar com deputados da Frente Brasil Competitivo nessa quarta-feira (27/10), Tarcísio afirmou que a possível paralisação do dia 1º é o 16º chamamento de greve da categoria durante o governo Bolsonaro. Ele pediu que, em vez de manifestações nesse sentido, haja conversa. “Problemas complexos não têm soluções simples”, disse.

“Eu acho que isso aí foi um desrespeito com a categoria. Inclusive, ele [Tarcísio], durante dois anos e meio, nos desprestigiou, não fazendo nenhuma entrega para a categoria”, avalia Crispim. “A pessoa que os caminhoneiros menos querem fazer reunião é o ministro Tarcísio, que só empurrou com a barriga durante esses dois anos e meio uma solução positiva para a pauta dos caminhoneiros”, dispara o deputado federal.

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Para garantir palanque a Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas (PL),  vai se lançar ao governo de São Paulo. Ele ganhou o apelido popular “Tarcisão da massa”
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Presidente Bolsonaro e Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura

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Para garantir palanque a Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas (PL), vai se lançar ao governo de São Paulo. Ele ganhou o apelido popular “Tarcisão da massa”

Fábio Vieira/Metrópoles
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Presidente Bolsonaro e Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura

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O parlamentar também criticou o auxílio-diesel proposto pelo presidente Jair Bolsonaro para a categoria.

“Entregar R$ 400 para os caminhoneiros é um tipo de assistencialismo eleitoreiro, praticamente uma esmola. Inclusive, dentro de grupos de WhatsApp, onde muitos caminhoneiros se dizem bolsonaristas, pegou muito mal. Isso aí criou uma imagem realmente de uma esmola. A gente sabe o preço de um caminhão, né?! Um caminhão custa mais de R$ 500 mil, R$ 600 mil. R$ 400 não dá para comprar quase nada de diesel e não resolve o problema da categoria”, diz.

O ministro da Infraestrutura indicou, nessa quarta-feira, que o governo federal pode voltar atrás na proposta de oferecer um auxílio de R$ 400 por mês a caminhoneiros.

O projeto, anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro na última quinta-feira (21/10), não foi bem recebido pelo setor, que ameaça paralisar as rodovias do país no próximo dia 1º de novembro diante das recentes altas no preço do diesel, além de outras insatisfações. De acordo com o chefe do Executivo federal, o benefício seria pago a cerca de 750 mil caminhoneiros autônomos. O auxílio contemplaria a categoria até dezembro de 2022.

“Pensar que R$ 400 não vão dar 80 litros de combustível, e isso vai rodar 160 km, R$ 400 não é nada. Agora, se parar para pensar que o cara tem uma renda de R$ 2 mil por mês, R$ 400 vai ser 20% a mais na renda dele”, calculou o ministro.

“Não é uma coisa ofensiva, é uma ajuda importante. Seria um sacrifício do governo, um esforço fiscal para tentar dar a mão para uma categoria que é importante, que movimenta o Brasil e que está passando por uma situação difícil”, disse Tarcísio. “Agora, entendo que se a reação é muito negativa, talvez não valha a pena insistir nisso”, completou ele.

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