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Bolsonaro não ajuda a eleger governadores, apesar de liderar pesquisas

Maioria de apoiadores de Haddad no Nordeste está na frente, e quatro podem ser eleitos no 1º turno. Aliados de Ciro têm bom desempenho

atualizado

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Jair Bolsonaro faz campanha em Presidente Prudente
1 de 1 Jair Bolsonaro faz campanha em Presidente Prudente - Foto: null

A disputa para os governos dos 27 estados brasileiros aponta as regiões nas quais os presidenciáveis com melhor desempenho nas pesquisas conseguiram construir seus prestígios políticos. Em alguns casos, o apoio do presidenciável faz diferença na buscas pelos votos. Em outro, a contar pela performance dos postulantes ao cargo de governador nas pesquisas, este apoio não tem causado tanto impacto.

No caso do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, por exemplo, que lidera todas as intenções de votos no âmbito nacional, seus apoiadores nos estados não conseguem o mesmo desempenho. Já ao analisar os apoios dos candidatos a governador ao candidato do PT, Fernando Haddad, segundo lugar nas pesquisas, é possível identificar toda a força dos votos do PT, da figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu herdeiro político no Nordeste. Nas demais regiões, no entanto, salvo algumas exceções, este apoio não se reflete, de forma consistente, em intenções de voto.

Já em relação a Ciro Gomes, ele conta com palanques em vários estados. Seus aliados têm bom desempenho e, segundo o Ibope, em seu mais recente levantamento, Ciro Gomes está com 12% na preferência de voto do brasileiro. Ciro deverá participar da campanha do segundo turno, caso se confirme esse cenário, dando apoio a Fernando Haddad, com quem compartilha boa parte do espectro político.

1º turno
A contar pelas pesquisas de opinião, no Nordeste já existem pelo menos quatro candidatos que devem, já no primeiro turno, vencer as eleições e receberem os maiores percentuais de votos aos governos. Os quatro são apoiadores de Haddad e concorrem com o prestígio de Lula.

Ricardo Stuckert/Divulgação

No Ceará, o atual governador Camilo Santana (PT) abre palanque tanto para Haddad, quanto para Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência da República. Santana já contabiliza 69% das intenções de voto, de acordo com a última pesquisa do Ibope, e tem posição consolidada para se reeleger no primeiro turno. Em segundo lugar está o candidato do PSDB General Theophilo, palanque de Geraldo Alckmin no Ceará, com apenas 7% das intenções de voto.

Em Alagoas, o governador Renan Filho também tem posição confortável na disputa, com 65% das intenções de voto. Em segundo lugar, as consultas apontam, com apenas 5% dos votos, o candidato do partido de Jair Bolsonaro, Josan Leite. Apesar de serem do MDB, o governador e seu pai, o senador Renan Calheiros, são base de Lula no estado e, consequentemente, de Haddad. Os dois devem se reeleger com folga, o filho para o governo e o pai para mais um mandato no Senado. Calheiros lidera a disputa com 39% das intenções de voto.

Na Bahia, o atual governador Rui Costa também já atinge nas pesquisas um patamar que o garante no cargo já no primeiro turno. Tem 61% das intenções de voto. Seu adversário, José Ronaldo (DEM), candidato apoiado pelo atual prefeito de Salvador Antônio Carlos Magalhães Neto, está em segundo lugar com 10% das intenções de votos.

Palanque duplo
No Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) tem 49% das intenções de voto. Apesar de ser um apoiador de Haddad (seus partidos estão coligados oficialmente), ele não deixa de também dar palanque ao candidato pedetista Ciro. No início de setembro, em visita de Ciro ao estado, Dino almoçou com o presidenciável e sua vice, Kátia Abreu, em agenda de campanha.

Dino é seguido por Roseana Sarney, que tem 32% dos votos. Apesar de não estar na coligação do PT, a contar por suas declarações Roseana apoia o ex-presidente Lula e foi a favor das mobilizações por sua liberdade. Ela, no entanto, não declarou apoio a Haddad.

Nos demais estados do Nordeste, ainda não se vê decisão em primeiro turno. No entanto, é possível observar que a maioria dos apoiadores de Haddad lidera em seus estados. É o caso de Wellington Dias (PT), no Piaui, com 46%, Paulo Câmara (PSB), em Pernambuco, com 35%, Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte, com 32%, e João Azevedo (PSB), na Paraíba, com 32% das intenções de voto.

Dificuldades
No Sudeste, os apoiadores de Haddad enfrentam dificuldades. O melhor colocado é o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), que está em 2º lugar, com 23% das intenções de voto. No Rio de Janeiro, a candidata petista Márcia Tiburi amarga o 6º lugar nas pesquisas com 3%. Na mesma posição está a candidata do PT no Espírito Santo, Jackeline Oliveira Rocha, que marcou 4% nas pesquisas. Aliado de Lula, o petista Luiz Marinho, candidato ao governo de São Paulo, marca apenas 6% dos votos e está em 4º lugar.

O mesmo ocorre no Sul, onde o petista mais bem colocado, Décio Lima, postulante ao governo de Santa Catarina, liderava as pesquisas, mas caiu para 3º lugar, com 17% das intenções de voto na última consulta. Ele foi superado pelos candidatos do MDB, Mauro Mariani (21%), e do PSD, Gelson Merísio (18%), que declarou apoio a Bolsonaro. No Rio Grande do Sul, Miguel Rossetto (PT) está em 3º lugar com 12% e no Paraná, Doutor Rosinha (PT) está em 4º lugar com 4%.

As regiões Norte e Centro-Oeste também têm se mostrado áridas aos apoiadores de Haddad. Em Goiás, Kátia Maria (PT) marcou 5% das intenções de voto e está em 4º lugar, mesma posição de Humberto Amaducci (PT), no Mato Grosso do Sul, onde ele marcou 2% das intenções de voto. No Mato Grosso, Wellington Fagundes (PR) está em segundo lugar, com 28%. Já no Distrito Federal, o petista Miragaya (PT) tem 3% e está em 7º lugar nas pesquisas.

Entre os apoiadores do PT no Norte, o melhor desempenho é do candidato do PSB, Capi, no Amapá. Ele está em 1º lugar com 32% dos votos. Nos demais estados, o apoio do petista não se traduziu em intenções de votos. Paulo Rocha (PT), no Pará, tem 13% (3º lugar), Lúcia Antony (PT) tem 2% (9º lugar). No Acre, Marcus Alexandre tem 38%, está em 2º lugar, mas seu apoio é dividido entre Haddad e Ciro. O mesmo ocorre em Rondônia, com Acir Gurgacz (PDT), com 14% e em 2º lugar na pesquisa. Seu palanque também é aberto ao pedetista.

Bolsonaro
Líder em todos os levantamentos de intenções de votos, desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi retirado do páreo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, aparentemente não consegue compartilhar seu cacife eleitoral com ao aliados. Se, em média, Bolsonaro já cativou uma fatia de 30% do eleitorado brasileiro, o mesmo não pode ser dito aos candidatos a governador pelo PSL e por outras legendas, em especial o PSD e o PRTB. O presidenciável tem aliados em 18 estados, mas a maioria vai mal das pernas.

A exceção à regra se dá em Santa Catarina. Naquele estado, Bolsonaro tem dois palanques à disposição. Um é do peeselista Comandante Moisés. Com 4% nas intenções de votos, ele ocupa o quarto lugar na corrida pelo governo catarinense. Já o outro aliado é o recém-convertido Gelson Merídio (PSD). Em um mês, segundo dados do Ibope, ele cresceu incríveis 200% nas pesquisas, saindo de 6% para 18%. Merísio encostou no líder da disputa, Mauro Mariani (21%), que apoia para presidente o candidato da sua legenda, MDB, Henrique Meirelles.

No entanto, não se pode atribuir à força de Bolsonaro a disparada do pessedista. Merísio só veio a público declarar voto no capitão presidenciável nessa última quinta-feira (27). Ou seja: bem depois de ter alcançado o segundo lugar na preferência do eleitor. Muito embora Bolsonaro goze de 40% da preferência do catarinense, o candidato da sua legenda, Comandante Moisés, patina em quarto lugar na disputa, com apenas 4% nas pesquisas.

No restante do país, a força que Bolsonaro tem mostrado até o momento não se consolida entre os aliados. Uma exceção se dá em Roraima, onde o candidato bolsonarista tem 29%, segundo o Ibope, mas perde para o tucano Anchieta, que tem 41%. Ali, Bolsonaro lidera entre os presidenciáveis com 51% das intenções de voto.

Desempenho fraco
No Rio Grande do Norte, um dos candidatos de Bolsonaro ainda respira. O governador Robinson Faria (PSD), que busca a reeleição, tem 13%, segundo o Ibope, e está na terceira colocação na corrida pelo governo. Ele ainda sonha com o segundo turno, embora seus adversários, Fátima Bezerra (PT) e Carlos Eduardo (PDT), com 39% e 25%, respectivamente, estejam bem mais próximos de passar para a próxima fase.

O outro palanque potiguar à disposição de Bolsonaro é de Heró Bezerra (PRTB), que, com apenas 1% nas pesquisas, está bem longe do primeiro pelotão, em sexto lugar. No Rio Grande do Norte, o presidenciável peeselista tem 22% das intenções de voto e está atrás de Fernando Haddad, que tem 29%.

No Distrito Federal, três candidatos declararam voto a Jair Bolsonaro. No entanto, estão praticamente fora do segundo turno. Alberto Fraga (DEM) 10%, está em 4º lugar nas pesquisas, Rogério Rosso (PSD) tem 8% e está no 5º lugar. Já o General Paulo Chagas (PRP), com 4%, ocupa a 6ª posição. Ibaneis (MDB), com 24%, e Eliana Pedrosa (Pros), com 16%, devem disputar o Palácio do Buriti em 28 de outubro. Na capital federal, Bolsonaro tem 39% das intenções de voto para presidente, de acordo com o Ibope. Porém, o candidato do PSL sequer tem candidato ao governo.

Redes sociais/Divulgação

Outro ponto fora da curva se observa no Espírito Santo, onde o candidato Manato (PSL), com 8,5%, está em 3º lugar nas pesquisas. Em terras capixabas, no entanto, a fatura parece estar liquidada: Renato Casagrande, com 59% das intenções de voto, deve levar no primeiro turno.

Nos demais estados, o quadro não muda de figura: os bolsonaristas vão de 0% a 5% na preferência do eleitorado.

Ciro
Se nos principais colégios eleitorais do país, os “ciristas” não estão nada bem, em outras praças a expectativa de eleição é bastante concreta. Assim como no Ceará, onde o petista Camilo Santana declarou apoio ao pedetista e a Haddad, os aliados de Ciro estão em primeiro lugar nas pesquisas no Amazonas, com Amazonino Mendes (PDT); em Mato Grosso, com Mauro Mendes (DEM); e no Paraná, com João Arruda (MDB). Esses dois últimos não declararam apoio formal a Ciro, mas já deram demonstrações públicas e explícitas de que o voto vai pro pedetista.

Na Paraíba, o socialista João Azevêdo lidera a corrida ao segundo turno das eleições, com 32%, impulsionado pela alta popularidade do governador Ricardo Coutinho, aprovado por 59% da população. Embora a executiva Nacional do PSB tenha optado por apoiar Fernando Haddad, Azevêdo também diz votar em Ciro.

JP Rodrigues / Especial para o Metrópoles

Segundo o Ibope, em seu mais recente levantamento, Ciro Gomes está com 12% na preferência de voto do brasileiro. O pedetista e o petista também dividem apoio no Acre, onde Marcus Alexandre (PT), com 38% nas pesquisas, ainda espera disputar o segundo turno com Gladson Cameli (PP), quem tem 47% e apoia o tucano Geraldo Alckmin para presidente da República.

Intercessões
Há duas situações inusitadas que envolvem aliados de Ciro Gomes. No Distrito Federal, o atual governador, Rodrigo Rollemberg, que concorre à reeleição, desobedece às orientações da direção nacional de sua legenda: disse não a Haddad e ofereceu seu palanque a Ciro. Porém, Rollemberg tem tido pouco para compartilhar. Deve ficar de fora do segundo turno, uma vez que amarga a terceira posição nas pesquisas.

Segundo o Datafolha desta sexta (28), Rollemberg está com 12% das intenções de voto Deverão passar para a próxima fase os candidatos Ibaneis, com 24%, e Eliana Pedrosa, com 16%.

Rafaela Felicciano

Mas a situação mais delicada de um aliado cirista é mesmo em Rondônia, onde ele divide o palanque de Acir Gurgacz (PDT) com Haddad. O candidato pedetista ao governo estava com 14%, de acordo com a mais recente pesquisa do Ibope, disputando a ida para o segundo turno junto com o tucano Expedito Júnior, que teve 32%.

No entanto, na última terça (25), a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou recurso de Gurgacz contra uma condenação por crimes contra o sistema financeiro, cuja pena é de 4 anos e 6 meses de prisão no regime semiaberto. O Tribunal também determinou o imediato cumprimento da pena, que só não foi posta em prática devido ao período eleitoral, que proíbe prisão de candidato, exceto em flagrante

Gurgacz teve o registro de sua candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral. Se esse indeferimento for entendido pelo STF como definitivo, o pedetista deixa de ser candidato e sua prisão poderá ser decretada. Nesse caso, Ciro e Haddad deverão mesmo ficar sem aliado em Rondônia.

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