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Bolsonaro: Moro advogou para empresas que ele quebrou com a Lava Jato

Presidente voltou a dizer que não está preocupado com a candidatura de seu ex-ministro da Justiça ao Palácio do Planalto

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Bolsonaro e Moro
1 de 1 Bolsonaro e Moro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar, nesta terça-feira (23/11), o seu ex-ministro Sergio Moro (Podemos). Segundo o chefe do Executivo, ao deixar o governo, o ex-juiz voltou a advogar “para empresas que praticamente quebraram por ações” da Operação Lava Jato.

Durante entrevista à rádio Portal Correio, da Paraíba, Bolsonaro também declarou que não está preocupado com a candidatura de Moro à Presidência.

“Ele voltou à vida dele. Voltou a advogar para empresas que praticamente quebraram por ações dele. Mas tudo bem. É um direito de ele vir candidato. Como ele nunca conversou com ninguém, eu queria ver ele no carro de som, pra ver como ele vai falar com a população. Não estou preocupado, não. O povo que escolha o que for o melhor”, frisou o presidente.

Em suas falas, o chefe do Executivo federal tem considerado que Sergio Moro não terá força suficiente para ameaçá-lo, sob o argumento de que seu ex-ministro não consegue convencer como um verdadeiro conservador.

Bolsonaro x Moro

Em novembro de 2018, Sergio Moro aceitou o convite de Bolsonaro, que tinha acabado de ser eleito presidente do Brasil, para ser ministro. Para isso, abandonou a magistratura, após 22 anos de carreira, para assumir o posto no primeiro escalão do governo e, consequentemente, deixou o comando da Operação Lava Jato no Paraná.

Quando solicitou a exoneração do cargo no Ministério da Justiça, em 24 abril do ano passado, Moro acusou o presidente de interferir na Polícia Federal. A denúncia resultou na abertura de um inquérito, no Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar o caso.

A demissão do ex-ministro foi motivada pela exoneração de Maurício Valeixo, então diretor-geral da PF. Valeixo era homem de confiança de Moro e chegou à direção da PF pelo próprio ministro. Quando o presidente pediu a troca na diretoria, o então ministro tentou intervir, mas, sem sucesso, acabou pedindo demissão.

No início do mês, o presidente Jair Bolsonaro depôs à Polícia Federal no inquérito que apura suposta interferência na corporação por parte do chefe do Executivo. O objetivo da ação do mandatário, segundo Sergio Moro, seria beneficiar, em eventuais investigações, aliados e familiares próximos.

No depoimento, Bolsonaro disse que a troca na diretoria-geral da PF ocorreu por “falta de interlocução”. Como provas da denúncia, a defesa de Sergio Moro apresenta diálogos entre o ex-juiz e o presidente em um aplicativo de mensagens, e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.

No encontro com ministros, Bolsonaro reclamou que já teria tentado mexer na segurança e não conseguiu. A fala foi gravada e sua divulgação posteriormente foi liberada pelo STF.

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e oficialmente não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto-final. Não estamos aqui para brincadeira”, disse o presidente, na ocasião.

 

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