Bolsonaro manda suspender assinaturas da Folha no governo federal
Presidente acusou jornal de publicar “desinformação” a seu respeito e afirmou que “não dá pra confiar” na publicação
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarou, nesta quinta-feira (31/10/2019), que mandou cancelar todas as assinaturas do jornal Folha de S.Paulo no governo federal. “A ordem que eu dei é de que nenhum órgão no meu governo vai receber o jornal aqui em Brasília”, afirmou ele em entrevista ao programa de José Luiz Datena.
Ele disse ainda que não queria ser acusado de censura: “Quem quiser comprar, vá na banca e compre, eu não quero mais saber”. Bolsonaro citou entrevista que concedeu no dia 3 de setembro ao jornal, quando, segundo ele, a reportagem não teria publicado “nada” do que ele falou: “Só saiu desinformação, não dá para confiar”.
“Não saiu nada do que eu falei. Só saiu desinformação. E algumas palavras que eu usei ali e falei que era palavrão, saiu tudo lá”, alegou. Na época, o diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila, e o diretor da Sucursal de Brasília, Leandro Colon, que participaram da conversa, contaram ao podcast “Café da Manhã“, do próprio jornal, que o presidente de fato havia pedido que palavrões ficassem de fora e que eles respeitaram a solicitação.
A Folha declarou, em nota, lamentar “mais uma atitude abertamente discriminatória do presidente da República contra o jornal” e disse que vai “continuar fazendo em relação a seu governo, o jornalismo crítico e apartidário que a caracteriza e que praticou em relação a todos os outros governos”.
O advogado do jornal, Luiz Francisco Carvalho Filho, afirmou à publicação que, se confirmada, a decisão do presidente “configura uma violação dos princípios constitucionais da moralidade e da impessoalidade na administração pública”.
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro critica a Folha: depois de ser eleito, no ano passado, ele afirmou ao Jornal Nacional que “por si só, esse jornal se acabou” e acusou a publicação de ser responsável por “todas as fake news” que o envolviam. “Não quero que [a Folha] acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal”, declarou, à época.