Bolsonaro lê carta de homem que teria se matado devido ao lockdown
Vítima teria tirado a própria vida em razão das dificuldades impostas pela crise da pandemia e pelo toque de recolher decretado no estado
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) leu, na noite desta quinta-feira (11/3), uma suposta carta de um homem que seria feirante na Bahia e que teria se matado em razão do decreto que estabeleceu toque de recolher no estado, entre 22h e 5h.
Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro usou o termo “lockdown”, também conhecido como fechamento do comércio e abertura apenas de atividades essenciais. O governo da Bahia, no entanto, decretou apenas toque de recolher como forma de frear o avanço da Covid-19 na região.
O presidente afirmou, sem citar fontes, que estão ocorrendo vários “casos de suicídio pelo Brasil por causa do lockdown” e citou dois supostos casos como exemplos, um em Fortaleza e outro na Bahia.
Na suposta carta lida por Bolsonaro, o homem teria pedido desculpas para a mãe e dito que queria cuidar muito da filha. No documento, a vítima teria chegado a citar o fechamento decretado pelo governador Rui Costa (PT) e o prefeito Bruno Reis (DEM).
Efeito colateral
Em seguida, ao terminar a leitura, Bolsonaro ressaltou que “o efeito colateral do lockdown está sendo mais danoso que o próprio vírus”.
“Devemos estimular, sim, fazer um campanha para o idoso ficar em casa, para os que têm doenças e comorbidades ficar [sic] em casa. O resto, pessoal, toma as medidas ali que estão sendo usadas no momento e vão para o trampo. Vão trabalhar, pô”, declarou.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.
Disque 188
A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem 24 horas por dia a quem precisa.