Bolsonaro lança pré-candidatura e dobra aposta na força do antipetismo
PL mudou nome da cerimônia marcada para este domingo, destinada ao lançamento do nome de Bolsonaro, para evitar risco de crime eleitoral
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro participa neste domingo (27/3) de um evento do PL, em Brasília, com “tintas eleitorais”. O ato, que espera contar com aliados e candidatos a cargos públicos, além de milhares de apoiadores, deve ser um dos primeiros com autodeclaração do atual mandatário da República como candidato à reeleição. Na prática, é o lançamento da pré-candidatura do chefe do Executivo federal.
Preocupações da equipe jurídica envolvida na campanha fizeram com que o caráter do evento fosse alterado e, em recuo, a festa passou a ser anunciada como “Encontro Nacional do Partido Liberal”. Havia expectativa de que o ato descambasse para um comício, o que poderia gerar questionamentos de adversários perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob alegação de campanha antecipada.
No evento, o presidente deve dar os primeiros sinais dos rumos que a campanha do PL tomará. A principal aposta consiste em reunir esforços no antipetismo, com a esperança de ressuscitar o sentimento que ajudou a eleger Bolsonaro em 2018. Em discursos nas últimas semanas, Bolsonaro vem batendo no PT e na tese de que o retorno do partido ao poder vai significar perda da liberdade e volta da corrupção.
Nas últimas semanas, o próprio Bolsonaro começou a dar sinais de mudanças de comportamento com vistas à campanha. Passou, por exemplo, a convidar jornalistas para entrar no Palácio da Alvorada, algo que parara de fazer ainda no primeiro ano de mandato, em 2019. A ideia é suavizar a imagem do presidente.
Filiações
Como advogados da campanha acenderam um alerta para possível infração da lei, visto que o lançamento de uma pré-candidatura pode ser enquadrado como campanha eleitoral antecipada. Em vez disso, neste domingo, o ato deve ser marcado pela filiação partidária de uma nova leva de apoiadores do presidente. Entre eles, o deputado federal Vitor Hugo, pré-candidato ao governo de Goiás, e o ministro da Cidadania, João Roma, que deve disputar o governo da Bahia.
Pré-candidato ao governo da BA, João Roma troca Republicanos pelo PL
A sigla realizou, nas últimas semanas, “mutirões” para filiar aliados do presidente, em reuniões a portas fechadas na sede nacional do PL, na capital federal. Pré-candidatos têm até dia 2 de abril para definir seus futuros partidários.
Apesar dessa mudança no tom, o próprio Bolsonaro anunciou que o ato celebrará o pré-lançamento de sua candidatura.
“Está sendo divulgado na internet como se eu tivesse cancelado nosso evento do próximo domingo agora, que é o pré-lançamento da minha candidatura. Está mantido o evento aqui em Brasília, 10h da manhã, domingo. E vamos fazer a nossa parte, o povo que decida”, disse Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto na sexta-feira (25/3).
A programação do evento, que ocorre das 10h às 16h, no Centro Internacional de Convenções de Brasília (CICB), ainda não foi divulgada.
O credenciamento de convidados e da imprensa foi feito por meio do Sympla, site normalmente utilizado para compras de ingressos em shows e festas privadas, e apoiadores de outros estados foram convocados para fazer caravanas em direção a Brasília.
Um dos articuladores do núcleo da campanha de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), chegou a divulgar o evento como uma “festa de lançamento da pré-candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República”.
Vale ressaltar que a legislação só permite propaganda eleitoral a partir de 16 de agosto. Até lá, são proibidos comícios e outros atos de campanha. Eventos públicos de lançamento de pré-candidatura não estão previstos na lei.
A Lei nº 9.504/1997 libera somente reuniões internas para discussão e escolha de candidatos, desde que não envolvam pedido explícito de voto.
Em função disso, o material do evento foi reformulado para que não houvesse menção à pré-candidatura.
Maior bancada
Depois da filiação de Bolsonaro à legenda em novembro de 2021, o PL conquistou a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 61 deputados, ultrapassando União Brasil (decorrente da fusão entre DEM e PSL) e PT.