Bolsonaro janta com embaixadores árabes para “quebrar gelo”
Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, brincou com os convidados e disse que o Brasil é um “país quente” e que “nunca houve gelo”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) participou, na noite desta quarta-feira (10/4), de um jantar com quase 40 embaixadores de países árabes para tentar desfazer o mal-estar que a visita a Israel gerou. Desde a campanha, Bolsonaro prometia mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que causou atritos com países árabes. Durante a viagem, Bolsonaro ficou com um “meio-termo”, anunciando aos israelenses a instalação de um escritório de negócios na cidade. O evento foi fechado para a imprensa.
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben (foto em destaque), afirmou, depois do jantar, que o evento foi uma “oportunidade única para quebrar o gelo” com o Brasil após o que classificou como uma “série de notícias que não fizeram bem para as relações bilaterais”. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, por sua vez, brincou que o Brasil é um “país quente” e que “nunca houve gelo”.
“O Brasil continuará cada vez mais firme nessa determinação de ser amigo de todos os países”, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em declaração à imprensa após o jantar. Já Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, afirmou que o encontro selou o bom relacionamento com países árabes.
“[O jantar] colocou um ponto final em qualquer tipo de dúvida se há bom relacionamento ou não”, completou Eduardo Bolsonaro, que tem sido considerado um “chanceler paralelo” do governo Bolsonaro.
Clima ruim
Jerusalém está no centro de disputas entre palestinos e israelenses, pois ambos os povos reivindicam o local como sagrado. A aproximação desagradou a Liga Árabe, conjunto de países islâmicos que é importante para o agronegócio brasileiro.
Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), esse grupo de países ocupa a 3ª colocação entre os principais importadores do agronegócio brasileiro, perdendo apenas para a China e para a União Europeia. As exportações para os países islâmicos somaram US$ 16,4 bilhões apenas no ano passado, do total dos US$ 101,7 bilhões exportados para todo o mundo.
Discurso curto
O jantar, realizado na sede da CNA em Brasília, foi organizado pela ministra da agricultura, Tereza Cristina, e pelo presidente da confederação, João Martins. Ambos discursaram aos embaixadores presentes antes de Bolsonaro, que fez um discurso curto focado na qualidade dos produtos brasileiros.
Além de Tereza Cristina, os ministros Ernesto Araújo (Relações Internacionais) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) compareceram.
Foram convidados 41 embaixadores de países islâmicos que têm representação em Brasília. Convidados, representantes de cinco países não foram ao jantar: Emirados Árabes, Albânia, Benin, Mali e Suriname.