Bolsonaro faz terrorismo e sempre elogiou milícias, diz Wagner Moura
Diretor de Marighella participou na noite dessa segunda-feira (1º/11) do programa Roda Viva e fez críticas ao presidente da República
atualizado
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Lançando esta semana seu primeiro filme como diretor, Wagner Moura disse nessa segunda-feira (1º/11), em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz terrorismo no Brasil e comentou a dificuldade em lançar Marighella, filmado há mais de dois anos.
“Os acusados de terroristas são os pobres, o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], o Black Lives Matter, e isso sempre me incomodou, mas 600 milhões de mortos por Covid é terrorismo, 19 milhões de pessoas passando fome, a Amazônia pegando fogo, o ministro da Economia que tem uma conta offshore enquanto o povo paga imposto alto é terrorismo”, afirmou.
O filme, aplaudido de pé no Festival de Berlim de 2019, foi marcado por uma série de adiamentos: a previsão era que ele chegasse ao público há dois anos, mas por causa de problemas com a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e, posteriormente, da pandemia de Covid-19, ele só chega às telonas de algumas cidades em 4 de novembro, em pelo menos 300 salas espalhadas pelo país.
“Eu não tenho medo dessa gente, são covardes”, declarou. “Fazer um filme sobre Marighella no Brasil faz parte de um movimento contra o fascismo do qual me orgulho de participar”.
Ao comentar os filmes Tropa de Elite 1 e 2, o ator e diretor lembrou que milícia sempre foi elogiada por Bolsonaro e seus filhos. Segundo ele, a família Bolsonaro “tem relação profunda com a milícia do Rio de Janeiro”.
Marighella
No filme, Seu Jorge interpreta o papel do guerrilheiro Carlos Marighella, que fez parte da resistência armada à ditadura militar no Brasil.
O trabalho integra uma sequência de projetos baseados em fatos reais que buscam, segundo o ator, revisitar a história. O primeiro deles foi Sergio, onde Moura interpreta o diplomata brasileiro, Alto Comissário das Nações Unidas, Sérgio Vieira de Mello, morto em atentado no Iraque em 2003.
Em seguida, vieram Tropa de Elite, baseado no ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, do Rio de Janeiro, Rodrigo Pimentel; e Narcos, que resgata parte da história de Pablo Escobar e do narcotráfico na Colômbia.