Bolsonaro faz 2 exames por dia para monitorar efeitos da hidroxicloroquina
Presidente anunciou diagnóstico positivo da doença na terça, fazendo defesa veemente do remédio. Risco de complicações cardíacas é alto
atualizado
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Desde que foi diagnosticado com a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está fazendo exames de eletrocardiograma duas vezes ao dia para monitorar a frequência cardíaca, segundo revelou o jornal O Globo.
A medida é uma orientação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) para pacientes que usam a hidroxicloroquina no tratamento contra o vírus, já que a possibilidade de complicações cardíacas é elevada.
O presidente já afirmou que está tomando a substância, apesar de não existir comprovação científica da eficácia do medicamento para o novo coronavírus.
Ainda de acordo com o jornal o Globo, quatro servidores que trabalhavam junto a Bolsonaro, no terceiro andar do Palácio do Planalto, estão com suspeitas de Covid-19. Segundo o jornal todos foram afastados.
Além disso, parte da equipe de assistência ao presidente que trabalha no gabinete presidencial foi transferida para o Palácio da Alvorada para “facilitar as atividades” junto a Bolsonaro.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Comunicação do governo e aguarda resposta.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou no início da tarde de terça (7/7) que seu exame para verificar se contraiu a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, deu positivo. Veja o exame, feito por uma unidade do laboratório Sabin, em Brasília, aqui.
Este foi o quarto teste do chefe do Executivo para verificar se está com a doença — os outros três haviam dado negativo.
A diferença desse dos demais é que, no exame divulgado nesta terça, consta o nome do próprio presidente Bolsonaro. Nas ocasiões passadas, quando submetido aos exames, Bolsonaro optou por omitir o nome para, segundo ele, preservar sua identidade e segurança.
O Metrópoles questionou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República sobre a mudança no protocolo, mas não obteve resposta.
Ao anunciar a notícia sobre o diagnóstico, Bolsonaro voltou a minimizar os riscos que o vírus representa e disse que estava se sentindo “perfeitamente bem”.
Agenda presidencial
Com o diagnóstico positivo, o presidente Jair Bolsonaro passa a despachar diretamente do Palácio da Alvorada até que esteja apto para retornar ao Palácio do Planalto.
Para esta semana, duas viagens presidenciais estavam previstas. Bolsonaro cancelou visitas à Bahia e a Minas Gerais. No Alvorada, ele ainda deve receber auxiliares para assinar alguns despachos.
A previsão é de que o presidente faça um novo teste no início da próxima semana para verificar se criou anticorpos contra a Covid-19 e se está livre da doença.
Ao anunciar que havia contraído o novo coronavírus, o presidente afirmou que chegou a ter febre de 38ºC, mas que a temperatura começou a ceder ainda na segunda-feira (6/7). Ele também relatou ter sentido mal-estar e cansaço, mas que agora está se sentindo “perfeitamente bem”.
Bolsonaro tem 65 anos e faz parte da faixa etária considerada por especialistas como grupo de risco da Covid-19.
Sintomas no dia anterior
Na segunda, Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto no fim da tarde, às 17h42, e chegou ao Palácio da Alvorada por volta das 18h25. O trajeto entre os dois pontos costuma levar entre 5 e 10 minutos. Nesse intervalo, foi ao Hospital das Forças Armadas (HFA) para testar se contraiu o vírus.
Ao chegar ao Alvorada, Bolsonaro disse a apoiadores que teria de manter distanciamento social e que estava “evitando” contato, pois havia acabado de voltar do hospital.
“Tô evitando [contato], que eu vim do hospital agora. Fiz uma chapa [raio-X] no pulmão, tá limpo. Fui fazer o exame da Covid agora há pouco, mas tá tudo bem”, disse.
De acordo com a agenda presidencial, Bolsonaro se encontrou com pelo menos seis ministros de seu governo na segunda. Foram eles: os ministros Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e José Levi Mello (Advocacia-Geral da União).
Além disso, o presidente recebeu, em seu gabinete no Palácio do Planalto, o presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior, o vice-presidente da NTC&Logística, Roberto Mira, e o secretário especial da Cultura, Mário Frias.
Bolsonaro já fez outros três testes para detecção do coronavírus e chamou o vírus de “gripezinha”.
Em maio, o jornal Estado de S.Paulo entrou com uma ação na Justiça para ter acesso aos exames do presidente. O governo entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) laudos dos três exames, todos com resultado negativo.