Bolsonaro exonera Mandetta; oncologista Nelson Teich assume Saúde
Troca no Ministério Saúde é a oitava no primeiro escalão do governo desde posse do presidente Jair Bolsonaro, em 1º de janeiro de 2019
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exonerou nesta quinta-feira (16/04) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Em seu lugar, assume o oncologista Nelson Teich. Tanto a exoneração quanto a nomeação do novo titular da Saúde foram publicadas no fim desta tarde em edição extra do Diário Oficial da União.
O anúncio da demissão do agora ex-ministro foi feito pelo próprio Mandetta nas redes sociais. Pouco tempo depois, durante pronunciamento, Bolsonaro confirmou a saída do ministro da Saúde e anunciou Teich como novo titular da pasta. Na ocasião, o presidente disse que a demissão de Mandetta foi um “divórcio consensual”.
“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde”, anunciou o ex-ministro, após reunião com o presidente no Palácio do Planalto.
A exoneração ocorre em meio à crise do novo coronavírus e após um longo e explícito processo de fritura do ex-ministro. Segundo boletim mais recente do Ministério da Saúde, o Brasil tem 1.924 mortes e 30.425 casos confirmados de coronavírus.
Bolsonaro e Mandetta discordam sobre a forma de lidar com o combate à pandemia de coronavírus. O ex-ministro apoia medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos, que são constantemente atacadas por Bolsonaro. Mandetta também se negou a endossar o uso geral de cloroquina como remédio para a Covid-19, alegando que a ciência não tem indícios suficientes da eficácia do composto defendido por Bolsonaro.
A saída de Mandetta é a oitava troca ministerial de Bolsonaro desde a posse do presidente em 1º de janeiro de 2019.
Ex-deputado federal pelo DEM, Mandetta apoiou Bolsonaro durante a eleição presidencial. Após a vitória do então candidato do PSL, publicou vídeo nas redes sociais no qual disse que foi um “alívio” saber que o eleitor “optou pela renovação” e declarou ter a certeza de que Bolsonaro faria um governo “democrático”, com o “poder técnico prevalecendo sobre o poder político”.
Embate público
Nas últimas semanas, Bolsonaro e Mandetta travaram um embate público ao darem opiniões diferentes sobre a forma de combater o novo coronavírus.
Enquanto o ex-titular da Saúde defende o isolamento, como também orienta a Organização Mundial de Saúde (OMS), o presidente vem defendendo o fim do “confinamento em massa” e a reabertura do comércio.
Durante uma entrevista no início do mês, Bolsonaro disse que ele e Mandetta estão se “bicando há algum tempo”. Em 5 de abril, sem citar nomes, o presidente disse não ter medo de usar a caneta com pessoas do governo que viraram estrelas.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo (12/04), o ex-ministro afirmou que o brasileiro não sabe se escuta o presidente da República, Jair Bolsonaro, ou ele próprio, o ministro, ao seguir orientações para o combate à pandemia do coronavírus.
Perfil
Luiz Henrique Mandetta nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Caçula em uma família com cinco filhos, o agora ex-ministro seguiu a profissão do pai, o médico Hélio Mandetta.
O agora ex-ministro possui graduação em medicina pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, tendo concluído o curso em 1989. Também possui pós-graduação em ortopedia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Nos Estados Unidos, obteve a especialidade de ortopedia pediátrica pelo Scottish Rite Hospital for Children em Atlanta, Georgia. Mandetta ainda é especialista em gestão de serviços e sistema de saúde pela Fundação Getúlio Vargas.
O ex-ministro também foi conselheiro fiscal da Cooperativa de Médicos (Unimed) de Campo Grande nos anos de 1998 e 1999, conselheiro técnico da Santa Casa, em 2000, e presidente da Unimed em 2001. Em 2004, iniciou gestão de quatro anos como conselheiro eleito do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS).
Mandetta ainda comandou a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande de 2005 a 2010. Após esse período, exerceu dois mandatos como deputado federal pelo Mato Grosso do Sul. Em 2010, foi eleito para o primeiro mandato com 78,7 mil votos; quatro anos depois, foi reeleito, com 57,3 mil votos.