Bolsonaro estuda tirar mais uma função de Onyx e nomear almirante
Segundo presidente, ‘está quase certo’ que Flávio Augusto Viana Rocha, da Marinha, será nomeado assessor especial no gabinete
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pretende criar uma assessoria especial no gabinete e nomear para a vaga um militar, que teria a função de ajudá-lo na coordenação das ações do governo.
A tarefa deveria caber ao ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que tem sofrido um processo de perda de atribuições dentro do governo. O convite foi feito para o almirante Flávio Augusto Viana Rocha, atual comandante do 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao Estado nessa quarta-feira (05/02/2020), o presidente apresentou o almirante à reportagem. “Estamos comprando o passe dele da Marinha. Ele vem trabalhar com a gente aqui. Está quase certo. Não vai ser ministro, não, apesar de ele merecer.”
Bolsonaro disse que Rocha será mais “um colega para ajudar” no gabinete. Disse que o almirante fala seis idiomas e trabalhou por quatro anos como assessor parlamentar da Marinha no Congresso. Foi nessa época que eles se conheceram. “É sempre bom ter pessoas qualificadas, com o coração verde e amarelo para estar do nosso lado.”
O almirante Rocha passou boa parte dessa quinta-feira (06/02/2020) no gabinete do presidente. Pode ser visto ao lado dele na transmissão ao vivo para comemorar a absolvição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se livrou do processo de impeachment — o vídeo foi gravado durante discurso de Trump.
Apesar de ter um estilo centralizador, Bolsonaro tem se queixado de sobrecarga com a coordenação do governo, que deveria ser executada pela Casa Civil. A avaliação interna, segundo auxiliares do Planalto, é que Onyx não consegue gerenciar a Esplanada, e a função acaba sendo feita diretamente pelo presidente, que mantém a porta do gabinete aberta para os chefes das pastas.
Parte do problema de coordenação foi resolvido quando Bolsonaro resolveu nomear o vice-presidente Hamilton Mourão para comandar o Conselho da Amazônia, um grupo de trabalho específico para tratar das ações de proteção, defesa e desenvolvimento sustentável, em mais um passo para esvaziamento da Casa Civil.
Na semana passada, Onyx também perdeu o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), que foi transferido ao Ministério da Economia, após a crise política envolvendo o secretário executivo da Casa Civil, Vicente Santini, demitido por usar avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para uma viagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e depois ir à Índia.
“Jeitoso e de fácil trato”
A ideia é que o almirante, prestes a ganhar a quarta estrela, no mês de março, atue como um filtro para os problemas que têm caído diretamente na mesa do presidente. A proposta é que os temas das mais variadas pastas cheguem diluídos a Bolsonaro para que ele tome apenas uma decisão final.
Na avaliação de integrantes do governo, o fato de o almirante não estar no mesmo nível hierárquico dos demais ministros pode ser um complicador para exercer a função de coordenador. Por outro lado, o militar é apontado como uma pessoa “muito jeitosa, de fácil trato e diálogo.”
Antes de comandar o primeiro Distrito Naval, no Rio, almirante Rocha foi chefe da Comunicação Social da Marinha e do gabinete dos Comandante da Marinha, Leal Ferreira, que deixou o cargo em janeiro passado e foi substituído pelo almirante Ilques Barbosa. O almirante Rocha teve uma importante participação na transição e se aproximou mais do presidente.
Ainda não há prazo para a nomeação do militar. Como ele tem promoção prevista para março, a chegada ao Planalto pode ser concretizada apenas no fim do mês que vem, abrindo, assim, mais uma vaga de quatro estrelas para a Marinha.
Como está na ativa, ao assumir o posto no Planalto, o almirante Rocha será “agregado” ao quadro da Marinha e poderá ficar fora da força por dois anos, repetindo a situação do general Luiz Ramos, que é quatro estrelas da ativa do Exército e exerce o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo.