Bolsonaro espera reunir 300 mil motoqueiros durante ato em São Paulo
Evento Acelera para Cristo será realizado neste sábado (12/6), a partir das 10h. Organizadores prometem respeito aos protocolos sanitários
atualizado
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Convocada por motoclubes e igrejas evangélicas paulistas, a motociata da qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa neste sábado (12/6), em apoio ao governo federal, ocorre em meio à apreensão com a situação da pandemia na cidade de São Paulo.
A motociata deve ser realizada nos mesmos moldes da que ocorreu no Rio de Janeiro há três semanas, porém, diferentemente do governador Cláudio Castro (PL-RJ), que fez vista grossa às aglomerações e ao não uso de máscaras no Rio, o governador João Doria (PSDB-SP) já avisou que não haverá tolerância em relação à conduta do presidente, caso ele insista em não cumprir os protocolos sanitários.
Para contornar as ameaças, o evento promete respeitar normas sanitárias e obrigar o uso de máscaras nos trios elétricos. “Não queremos ninguém falando mal do nosso evento”, disse um dos organizadores do ato, o empresário Jackson Vilar.
Intitulado Acelera para Cristo, o ato une dois segmentos distintos que dão apoio a Bolsonaro: os motoqueiros e os evangélicos. Igrejas evangélicas veem no evento a possibilidade de compensar a não realização do maior evento evangélico do país, a Marcha Para Jesus, que costuma acontecer em junho, mas que acabou cancelado em razão da pandemia. O uso religioso do ato desagradou alguns motoqueiros, e o evento ocorre em meio a essa disputa.
O pastor e ex-senador Magno Malta (PL-ES), amigo pessoal do presidente, é um dos que tem incentivado os evangélicos a participar do evento. Ele chegou a sugerir que os motoqueiros compareçam ao evento vestidos com jalecos, em homenagem aos médicos.
São previstas, segundo o chefe do Executivo federal, 300 mil motos. A estimativa dos organizadores é ainda maior, chegando a 1 milhão. “O evento pegou uma proporção muito grande”, disse Vilar. Além de São Paulo, são esperados motoqueiros vindos de outras cidades, e mesmo de outros estados.
Na quinta-feira (10/6), os organizadores tiveram uma reunião com a Polícia Militar (PMSP) para acertar detalhes do trajeto e as condições de segurança. Eles também conversaram ao longo dos últimos dias com representantes do Exército na cidade.
A motociata está prevista para sair às 10h do Sambódromo do Anhembi. O local da chegada foi alterado. Anteriormente, seria na Avenida Paulista, mas agora será no Obelisco do Parque do Ibirapuera. Isso porque o percurso aumentou de 40 km para algo em torno de 120 km.
Cerca de 1.800 motos devem sair no primeiro pelotão, ao lado do presidente Bolsonaro. O restante vai seguir na sequência até o Ibirapuera, onde o presidente deve subir em um trio elétrico para discursar.
Entre as normas de segurança acertadas com a PMSP, está a exigência do uso de capacete pelos motociclistas, que também são orientados a não empinarem as motos e a não ultrapassarem os 40 km/h.
São esperados no evento ministros de Estado, deputados e senadores, entre eles a bancada paulista na Câmara. O ato realizado no Rio, em maio, desencadeou uma crise no Exército, após participação do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde. O Exército, no entanto, decidiu não punir o general por discursar ao lado do presidente.
No Dia das Mães, o presidente fez um passeio de moto pelas ruas da capital federal. O passeio, que durou cerca de duas horas, não teve nenhuma parada. No Rio de Janeiro, a motociata reuniu milhares de apoiadores e se transformou num grande ato político pró-governo.
Com a boa adesão, o presidente já tem incentivado apoiadores a organizarem outros atos do tipo em outras cidades, entre elas Chapecó (SC), onde o prefeito João Rodrigues (PSD) é seu aliado.
O evento também busca marcar posição após a realização de um protesto nacional contra o governo federal, no último dia 29, que levou manifestantes às ruas em 210 cidades do Brasil e em 14 países, de acordo com os organizadores. Movimentos sociais convocaram para o próximo dia 19 de junho, um sábado, novos protestos contra o presidente em todo o país.
Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto disse que não se manifesta sobre a agenda pessoal do presidente.