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Bolsonaro escala ministros para divulgar ações do governo na TV

Em ano eleitoral, time de ministros do presidente tem feito propagandas do Executivo em rede nacional, mas sem anunciar fatos novos

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Marcos Corrêa/Presidência da República
Bolsonaro e ministros no Palácio do Planalto
1 de 1 Bolsonaro e ministros no Palácio do Planalto - Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

Empenhado na campanha pela reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a escalar o seu time de ministros para divulgar ações do governo em rede nacional de rádio e televisão. Apenas nas últimas duas semanas, três integrantes do primeiro escalão fizeram pronunciamentos em cadeia nacional a fim de fazer propaganda de pautas do Executivo consideradas eleitorais.

Em 28 de janeiro, o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos-BA), deu início à divulgação de medidas adotadas pelo governo. Em um pronunciamento que durou quase 5 minutos, o ministro, que é do Centrão, exaltou ações sociais, como o Auxílio Brasil, o vale gás e a redução da tarifa de energia elétrica para famílias de baixa renda.

“O governo federal está unido para cuidar daqueles que mais precisam. Nesse sentido, esclareço que os recursos dedicados aos principais programas sociais foram triplicados, para que o cidadão exerça sua cidadania plena, num momento em que a economia do nosso país volta à normalidade. Aqui, ninguém fica para trás”, declarou João Roma logo no início de sua fala.

Ao finalizar o pronunciamento, o ministro ressaltou que o governo segue “de mãos dadas com os brasileiros”, promovendo a “prosperidade” e reafirmando as “principais conquistas” do governo. 

Dias depois, na última terça-feira (1º/2), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, convocou um pronunciamento em rede nacional para celebrar o reajuste de 33,24% no piso salarial dos professores e as novas regras para renegociação de dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) – as duas medidas foram anunciadas por Bolsonaro em 31 de dezembro e 27 de janeiro, respectivamente. 

“Essas são grandes homenagens que o governo do presidente Bolsonaro presta aos estudantes, aos professores e à educação brasileira. Estamos cientes dos esforços de cada um, em cada escola e em cada universidade em prol da educação e do Brasil”, disse Ribeiro ao concluir sua fala de pouco mais de 4 minutos.

Nessa quarta-feira (9/2), foi a vez do ministro da Previdência e do Trabalho, Onyx Lorenzoni, falar em cadeia nacional. Em sua fala, que durou pouco mais de cinco minutos, ele comentou as mudanças na realização da prova de vida por aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As novas regras foram anunciadas há mais de uma semana.

O ministro ainda exaltou medidas do governo adotadas durante a pandemia de coronavírus, como o auxílio emergencial e créditos para micro e pequenas empresas, por exemplo. 

“[Esse conjunto de ações] é a comprovação de que a decisão tomada pelo presidente da República em tratar com um equilíbrio um dos piores momentos da história do mundo foi acertada. […] Essa é a diretriz do governo federal que cuida das pessoas e é sensível às suas dificuldades. Nosso objetivo é transformar vidas”, afirmou Onyx.

Ministros na linha de frente

Nos bastidores, aliados admitem a intenção do governo em propagandear as ações em ano eleitoral. A previsão é que as aparições de ministros em pronunciamentos se tornem mais frequentes ao longo do ano. 

A ideia, ao menos por enquanto, é que o presidente Bolsonaro não participe ativamente da estratégia, deixando que apenas os integrantes do primeiro escalão atuem na linha de frente. Interlocutores explicam que, dessa forma, a campanha não fica “escancarada”. 

A tática do Planalto ocorre no mesmo momento em que o presidente criou extraoficialmente um comitê de campanha mais centralizado para discutir as estratégias da corrida pela reeleição no pleito deste ano (leia mais abaixo).

Apesar de a estratégia ter como foco a reeleição de Bolsonaro, ela também está voltada à divulgação de personalidades da Esplanada que devem disputar governos estaduais, como é o caso de João Roma que, segundo relatos feitos à reportagem, já tem o apoio do PL, partido do presidente, para se candidatar ao governo da Bahia.

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Mudanças ministeriais às vésperas das eleições costumam ocorrer em todos os governos. A lei determina que autoridades do Executivo deixem os respectivos cargos até seis meses antes do pleito, ou seja, até 31 de março de 2022
Delegado Anderson Torres está na mira da PF
Ciro Nogueira (PP) é o atual ministro da Casa Civil, mas pretende disputar o cargo de governador do Piauí (PI)
Ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (PP), vai disputar uma vaga de senadora pelo Distrito Federal
O ministro das Comunicações, Fabio Faria
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Agência Brasil
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Mudanças ministeriais às vésperas das eleições costumam ocorrer em todos os governos. A lei determina que autoridades do Executivo deixem os respectivos cargos até seis meses antes do pleito, ou seja, até 31 de março de 2022

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Delegado Anderson Torres está na mira da PF

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Ciro Nogueira (PP) é o atual ministro da Casa Civil, mas pretende disputar o cargo de governador do Piauí (PI)

Isac Nóbrega/PR
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Ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (PP), vai disputar uma vaga de senadora pelo Distrito Federal

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O ministro das Comunicações, Fabio Faria

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Flávia Arruda (PL), que comandava a Secretaria de Governo, deixou o cargo para concorrer às eleições como senadora pelo DF

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Gilson Machado: aliado de Bolsonaro comandou o Ministério do Turismo

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Outro nome que deixou o primeiro escalão o cargo foi João Roma (Republicanos). Ele saiu do Ministério da Cidadania para concorrer ao governo da Bahia (BA)

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Marcelo Queiroga (sem partido) quer disputar o cargo de senador ou governador da Paraíba (PB). Atualmente, ele comanda o Ministério da Saúde

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Marcos Pontes seria o favorito, no PL, para a disputa em São Paulo

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Onyx Lorenzoni (PL), ex-ministro do Trabalho e Previdência, também deixou o governo Bolsonaro para concorrer ao governo do Rio Grande do Sul (RS)

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Rogério Marinho foi derrotado por Rodrigo Pacheco à presidência do Senado

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Ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas (Republicanos) disputará o governo de SP

Coluna Guilherme Amado/Metrópoles
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Tereza Cristina, ex-chefe do Ministério da Agricultura, lançou sua candidatura para concorrer a uma vaga no Senado pelo estado do Mato Grosso do Sul

Divulgação/MAPA

Bolsonaro sobre ministros: “Dia 31 de março, 11 saem e 11 entram”

Divulgação de ações e campanha antecipada

Rodolfo Tamahana, especialista em ciências políticas do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), de Brasília, salienta que a utilização do pronunciamento em rede nacional é “um procedimento corriqueiro”, e que o atual chefe do Executivo na condição de candidato à reeleição, ainda que extraoficialmente, tem o benefício da exposição do cargo.

“O agente público que já ocupa um cargo faz o uso da função que ele tem que cumprir – que é ser transparente com a sociedade sobre a sua gestão –, mas [o cargo] também acaba sendo uma forma que ele se mostra para a sociedade. É uma zona cinzenta entre o que você está divulgando para atender o princípio da transparência pública e a divulgação da sua imagem enquanto agente público, que mais à frente vai buscar a reeleição”, explica Tamahana.

Para Nathália Coelho, professora de comunicação na Universidade de Brasília, os pronunciamentos em cadeia nacional configuram uma “prática comum”, na qual o governo se “envaidece ou cresce” em cima das ações realizadas, principalmente as de grande destaque e abrangência.

Coelho ressalta ainda que existe uma linha tênue entre a divulgação de medidas governamentais – como uma modalidade comunicacional e informativa –, e utilizar o meio de pronunciamentos em cadeia nacional para realizar, mesmo que de forma sutil, campanha eleitoral.

“Vai muito da consciência do receptor e do governo. Do governo de compreender o seu lugar, não como alguém que está visando uma próxima eleição, mas como alguém que ocupa um cargo político e, a partir disso, os interesses estão voltados para o Brasil e não necessariamente aos seus interesses políticos”, explica a professora.

A docente também enfatiza características comunicacionais que compreendem os integrantes do governo do presidente Jair Bolsonaro. “A gente observa que existe uma estratégia discursiva, retórica, oral, para falar com o eleitorado e público específico, que diz respeito à palavra falada”, detalha.

Núcleo de campanha

O comitê que trabalha pela reeleição do presidente é integrado por ministros do governo, dirigentes do Centrão e parentes de Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, atua como coordenador do comitê. Outro filho de Bolsonaro, o vereador Carlos (Republicanos-RJ), também integra o grupo.

Além deles, participam do núcleo de campanha da reeleição de Bolsonaro o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência). 

O núcleo de campanha tem por objetivo definir um marqueteiro profissional para trabalhar pela reeleição de Bolsonaro o mais rapidamente possível. A pressa, explicam aliados, deve-se ao fato de que o presidente precisa voltar a conversar com a base que o elegeu em 2018, uma vez que o mandatário do país tem ocupado o segundo lugar nas recentes pesquisas eleitorais e visto aumentar a desaprovação ao seu governo.

No ano passado, durante almoço com jornalistas, no Palácio da Alvorada, o presidente disse que não deve contratar um profissional para disputar uma eventual reeleição. 

“Não vou contratar marqueteiro, não é essa a intenção. Devo ter produtores de imagens. Nós temos imagens armazenadas das minhas viagens pelo Brasil todo para mostrar. É botar ali, já que vamos ter tempo de televisão do PL. É mostrar o que foi feito”, disse.

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