Bolsonaro erra ao dizer que inflação dos EUA é maior que a do Brasil
Inflação norte-americana subiu para 8,5% nos últimos 12 meses, enquanto brasileira atingiu o índice de 11,30% no mesmo período
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) cometeu um equívoco ao afirmar, nesta quarta-feira (13/4), que a inflação dos Estados Unidos, que subiu para 8,5% nos últimos 12 meses, é maior que a brasileira, que atingiu o índice de 11,30% no mesmo período.
Durante cerimônia no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo federal discursou que, mesmo diante de problemas como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e a pandemia de coronavírus, o Brasil não sofre com a escassez de alimentos, diferente de outros países que registram uma inflação maior.
“A gente lamenta, obviamente, o que o Brasil e o mundo estão passando. As consequências de uma pandemia, de uma guerra [no Leste Europeu], aqui no Brasil de uma estiagem, uma das maiores dos últimos 91 anos. Entre outros problemas. Mas, mesmo assim, nós resistimos. O Brasil é um país que, na economia, tem despontado como um daqueles que menos sofreu perante o mundo”, destacou Bolsonaro.
“Aqui não se tem notícia de escassez de alimentos. Países outros, além de uma inflação muito maior do que a ocorrida no Brasil, como por exemplo, Estados Unidos, 8,5%, já existe desabastecimento de alguns produtos”, acrescentou, cometendo o erro ao comparar a realidade econômica dos dois países.
Em seu discurso, o presidente disse, porém, que a inflação na questão alimentar ainda deve durar por um “longo tempo”.
“A gente acompanha os problemas a 10 mil quilômetros de distância. A Ucrânia é um grande país exportador de trigo. E isso tem um repique, um repique na inflação, do mundo todo. Pelo que se tem demonstrado, a inflação na questão alimentar terá que ser convivida por um longo tempo ainda”, disse.
Inflação brasileira
Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil, o indicador acelerou para 1,62% em março deste ano, após alta de 1,01% em fevereiro. O resultado foi puxado pelo aumento nos preços dos combustíveis.
A variação do IPCA foi a maior para o mês de março desde 1994, quando o índice marcou 42,75%, no período que antecedeu a implementação do Plano Real.
Nos três primeiros meses deste ano, o índice acumula alta de 3,2%. Nos últimos 12 meses, o indicador atingiu 11,3%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. É o maior valor para o índice no país em 18 anos. Em outubro de 2003, o IPCA foi de 13,98%.
Com o resultado, a inflação roda, há sete meses consecutivos, acima dos dois dígitos.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta semana que se surpreendeu com o índice.