Bolsonaro em posse de Daniella: “Não começa nova era. Caixa continua”
Presidente não comentou acusações de assédio sexual envolvendo Pedro Guimarães, ex-presidente do banco. Caso foi revelado pelo Metrópoles
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (5/7) que a nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, não dará início a “uma nova era”. “Não começa uma nova era aqui na Caixa, a Caixa continua”, disse o mandatário da República durante cerimônia de posse da estatal.
“[A Caixa] Tem agora uma presidente, que é competente, que mostrou lá atrás o seu valor, que lutou, que se empenhou. É difícil a gente ver mulher na economia. É difícil. Cuidado, hein, Paulo Guedes. Mas a Dani, o espaço da mulher é em qualquer lugar. Não precisa botar cota para mulher, ela vai pelos seus próprios méritos. Ela, eu tenho certeza, que fará vocês se orgulhar mais ainda da Caixa Econômica Federal”, declarou o presidente.
A fala de Bolsonaro de que não há uma “nova era”, no entanto, vai na contramão do que disse a própria Daniella, em seu discurso de posse, quando enfatizou que começa a “reescrever um novo capítulo na história de 161 anos da Caixa“. “Não vamos esperar os resultados das investigações [de assédio sexual e moral]. A partir de hoje, a Caixa será a mãe da causa das mulheres. Vamos promover as mulheres em todas as dimensões”, ressaltou a nova presidente do Banco.
Bolsonaro não comentou as acusações de assédio sexual envolvendo Pedro Guimarães, ex-presidente da empresa pública. O caso foi revelado pelo colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles (relembre mais abaixo).
Quem é Daniella Marques
Desde 2 de fevereiro de 2019, Daniella Marques ocupava o cargo de secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia. Antes, atuou como chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos de Paulo Guedes.
Daniella Marques é formada em administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e fez MBA (modalidade de pós-graduação) em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).
Antes de entrar no governo, atuou no mercado financeiro por 20 anos, em gestão independente de fundos de investimentos. Foi também sócia-fundadora e diretora de fundos de investimento.
A relação profissional com Guedes teve início na Bozano Investimentos, empresa na qual os dois foram sócios. Como assessora do ministro, Daniella participava das decisões importantes e costumava ir, a mando do economista, para negociações com o Congresso e com o Palácio do Planalto.
Denúncias de assédio sexual
Um grupo de funcionárias decidiu romper o silêncio e denunciar as situações pelas quais passaram. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.
Cinco concordaram em dar entrevistas para o colunista Rodrigo Rangel, desde que suas identidades fossem preservadas. Elas dizem que se sentiram abusadas por Pedro Guimarães em diferentes ocasiões, sempre durante compromissos de trabalho.
As mulheres relatam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites heterodoxos, incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e as funcionárias sob seu comando.
A iniciativa dessas mulheres levou à abertura de uma investigação, que está em andamento, sob sigilo, no Ministério Público Federal.
O caso foi revelado pela coluna do jornalista Rodrigo Rangel, do Metrópoles em 28 de junho. No dia seguinte, após a repercussão, Pedro escreveu uma carta negando as denúncias e pediu demissão da presidência da Caixa. A exoneração do banco foi publicada no mesmo dia, em 29 de junho.
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