metropoles.com

Bolsonaro e equipe batem cabeça sobre IOF, IR e Previdência

Três dias após a posse, auxiliares desmentem o presidente ao afirmarem que ele se equivocou e não será preciso elevar o imposto

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Igo Estrela/Metrópoles
Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Brasília(DF), 04/09/2018
1 de 1 Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Brasília(DF), 04/09/2018 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Três dias após sua posse como presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) parece ainda não ter azeitado o discurso com sua equipe de ministros. Ao menos é o que indica as idas e vindas do presidente e do seu time quando o assunto foi um possível aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado pelo presidente, mas negado pelo chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e pelo secretário da Receita Federal, Marcos Cintra.

Logo pela manhã dessa sexta-feira (4/1), após cerimônia de troca do Comando da Aeronáutica, o presidente afirmou que o governo iria reduzir a alíquota máxima do Imposto de Renda para pessoas físicas dos atuais 27,5% para 25%. Atualmente, a alíquota máxima é cobrada dos contribuintes que ganham a partir de R$ 4.664,68 por mês. Mas durante bate-papo com a imprensa, revelou, também, que o governo pretende aumentar a alíquota do IOF.

O presidente afirmou que a medida era para compensar a prorrogação até 2023 de incentivos fiscais para empresas das áreas da Sudam (Amazônia) e da Sudene (Nordeste), lei sancionada pelo próprio presidente na última quinta-feira (3/1).

A equipe econômica do governo Michel Temer havia recomendado o veto integral da medida justamente por conta do impacto nos cofres do governo.

“Essa questão do IOF infelizmente vai ter que ser cumprida. Se eu sanciono [o benefício] sem isso [alta do imposto], vou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou Bolsonaro.

O presidente disse, ainda, que o aumento da alíquota será “mínimo”, mas reconheceu não ter certeza da magnitude da elevação. Ele afirmou que a alta se dará “contra sua vontade, em razão da sanção dos incentivos” e assegurou que seu compromisso é não aumentar mais impostos.

“O presidente se equivocou”
Não durou muito a versão de que haveria aumento no imposto. Ainda de tarde, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, reformulou o pensamento. “Não haverá nenhum aumento de impostos”, garantiu. Ele afirmou que “o presidente se equivocou” ao falar sobre IOF e sobre a redução da alíquota do Imposto de Renda.

Segundo Onyx, o compromisso do novo governo é não aumentar a carga tributária do país. “Ele [Bolsonaro] assinou a sanção [da continuidade dos projetos da Sudam e da Sudene] e o decreto que dá a garantia para a execução da lei sem ter aumento de impostos. É isso”, disse.

“Uma das hipóteses aventadas pela equipe econômica para poder dar sustentação à continuidade dos programas seria o corte de benefícios ou o aumento do IOF”, explicou o ministro. “Quando isso chegou para análise hoje de manhã, confrontava diretamente todo o compromisso que o governo assumiu ao longo da campanha eleitoral de redução da carga tributária”, ressaltou o chefe da Casa Civil.

Cintra concorda com Onyx
A falta de sintonia entre Jair Bolsonaro e seus auxiliares, pelo menos nesse quesito sobre aumento de impostos, foi ainda mais evidenciada quando o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, juntou-se ao coro de Onyx Lorenzoni e também assegurou que não há, por ora, a hipótese de mexer no IOF. “Ele sancionou a apresentação de projetos da Sudam e da Sudene, mas limitou o usufruto do benefício à disponibilidade de recursos previstos na lei orçamentária de 2019”, explicou.

Quando informado de que o aumento da alíquota do IOF teria sido anunciada pelo presidente, Cintra foi taxativo: “Deve ter feito alguma confusão. Não há necessidade de compensação nenhuma. Há recursos previstos na lei orçamentária de 2019 para a ampliação”.

O IOF, cujo nome completo é Imposto Sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, é recolhido por todas as pessoas físicas ou jurídicas que realizam operações de câmbio, crédito e seguro, além de operações referentes a títulos mobiliários. As alíquotas do IOF não são fixas. Elas variam conforme a operação efetuada.

Novo decreto
A reação negativa a um possível aumento de imposto fez o governo Jair Bolsonaro recuar e buscar outras soluções para garantir a prorrogação de incentivos fiscais para empresas do Norte e Nordeste sem descumprir a LRF.

Integrantes da Receita Federal e da Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil passaram toda a sexta-feira tentando encontrar formas de manter os incentivos. Bolsonaro, então, assinou um novo decreto descartando a possibilidade de aumentar a carga tributária e dizendo que os novos contratos firmados em 2019 só terão impacto financeiro a partir do ano seguinte.

Previdência
Outro tema controverso entre a equipe federal trata da proposta de reforma da Previdência. Na primeira reunião do novo governo, na quinta-feira (3/1), Paulo Guedes propôs uma reforma mais dura, com idade mínima maior para a aposentadoria. Após o encontro, questionado por jornalistas de como eles iriam tirar o projeto do papel, Onyx evitou a entrar no tema: “Só uma palavra: vamos fazer. Ponto. Próxima pergunta!”.

No entanto, no mesmo dia, Bolsonaro disse que pretende estabelecer a aposentadoria de 62 anos como idade mínima para os homens e 57, para as mulheres. “A proposta sai esse mês, vamos aproveitar a que está na Câmara. A última proposta minha é aproveitar. E ela está num espaço temporal que termina em 2030. Então tudo aquilo para entrar em vigor até 2022, essa é a ideia que quero colocar em prática, colocar em prática não, compor com o Parlamento”, reafirmou o presidente, nessa sexta-feira (4/1).

Após a fala de Bolsonaro, representantes do governo explicaram que a ideia é entregar uma reforma viável dentro da atual legislatura. “O que ele disse é que haverá uma tabela ascendente. E que não dá para atingir os 65 anos na legislatura dele”, disse uma fonte. Segundo esse interlocutor, se o governo conseguir entregar uma idade mínima de 62 anos já em 2022, entregará um texto “até mais duro do que a transição de Michel Temer permitiria para esse mesmo tempo”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?