Bolsonaro diz que vai escolher partido em abril e reconhece atraso
Presidente confirmou que as chances de o Aliança pelo Brasil sair do papel são pequenas e disse esperar resolver sua nova filiação este mês
atualizado
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Em conversa com apoiadores na manhã desta segunda-feira (19/4), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que está atrasado na definição do partido ao qual irá se filiar. Bolsonaro segue sem filiação partidária desde novembro de 2019, quando se desentendeu com o comando do PSL e deixou a sigla.
Na época, o mandatário anunciou intenção de criar um partido próprio, o Aliança pelo Brasil. A agremiação, porém, ainda não reuniu o número mínimo de assinaturas para pedir registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com isso, Bolsonaro precisará definir outro partido para disputar a reeleição na eleição de 2022.
“O Aliança é quase… Muita pequena a chance de sair. Eu já estou atrasado em ter um outro partido. Espero que este mês eu resolva”, disse Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada.
“O duro foi quando eu me candidatei, eu acertei em fevereiro, março, em cima da hora”, afirmou, em referência ao pleito de 2018.
Um apoiador disse que o prazo maior vai permitir mais tempo para que o presidente separe o “joio do trigo”. No PSL, Bolsonaro entrou em rota de colisão com dirigentes da sigla, como o presidente Luciano Bivar (PE) e um grupo de parlamentares insatisfeitos com o relacionamento que o presidente dispensou a parlamentares da sigla.
“Entrou um pessoal ali que… Mas, mesmo assim, você escolhe muitas vezes e o cara se revela depois que assume, né? Igual a certas pessoas, a gente na hora da aflição, né? Na hora em que preciso de um amigo para dar um abraço, você vê se o cara está com a gente ou não está”, prosseguiu Bolsonaro.
Negociações com o PSL
Diante das vias políticas e jurídicas que foram expostas com a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito na Operação Lava Jato, Bolsonaro passou a intensificar as negociações para retornar ao PSL, partido que conta com recursos em caixa, além de tempo de rádio e TV.
Fontes ouvidas pelo Metrópoles, no entanto, dizem que Bivar hesita em entregar o comando do PSL a Bolsonaro. Em recentes declarações, o mandatário do país afirmou que buscava um partido do qual seria “dono”.
A exigência de Bolsonaro é avaliada como peça chave para uma “disputa equilibrada” com Lula.
Voto impresso
A seus eleitores, Bolsonaro voltou a falar no voto impresso, mudança constitucional que ele defende para fins de autoria das eleições.
“Eu tenho esperança que, em 22… Primeiro, temos muitos problemas pela frente ainda, tá? Não são fáceis não. Em 22, com o voto aí auditável, que a gente consiga mudar realmente o Brasil.”
A maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu pela inconstitucionalidade da regra de 2015 que previa a impressão do voto eletrônico, por colocar em risco o sigilo e a liberdade do voto.
A conversa de Bolsonaro com apoiadores foi registrada em vídeo por um canal no YouTube simpático ao presidente.