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Bolsonaro diz que vacinas estão garantidas e lamenta mortes

Discurso em rede nacional ocorreu no dia em que Brasil registrou novo recorde de mortes por Covid-19 em 24 horas: 3.251 óbitos

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Discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU 4
1 de 1 Discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU 4 - Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (23/3), durante pronunciamento em rede nacional, que as vacinas contra a Covid-19 estão garantidas e que 2021 será “o ano da vacinação dos brasileiros”. Ele ainda se solidarizou com as vítimas da doença.

“Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão garantidas. Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população. Muito em breve, retomaremos nossa vida normal. Solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em sua família. Que Deus conforte seus corações! Estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros”, afirmou o presidente.

Nesta terça, o Brasil teve o maior número de mortes desde o início da pandemia e se aproxima das 300 mil mortes. Apenas nas últimas 24 horas foram registrados 3.251 óbitos, além de mais de 89 mil novos casos.

O pronunciamento ocorreu horas após Bolsonaro exonerar o general Eduardo Pazuello do cargo de ministro da Saúde e oficializar o nome do médico cardiologista Marcelo Queiroga.

Em sua fala, o presidente mostrou um recuo no seu tom negacionista, consequência do desgaste político causado pela alta no número de casos e mortes pela Covid-19.

Variante

Durante o pronunciamento, que durou quatro minutos, Bolsonaro responsabilizou “a nova variante do coronavírus” pelo agravamento da pandemia.

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectaram novas alterações até então não detectadas nas variantes em circulação no Brasil. Foram observadas mudanças em 15 amostras do vírus sequenciadas geneticamente.

Ainda é cedo para dizer que as mudanças caracterizam uma nova linhagem, mas os pesquisadores alertaram que é preciso manter a vigilância sobre como o vírus está se comportando no país.

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Bolsonaro quando sofreu o atentado, em 2018
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Em seu discurso (leia a íntegra mais abaixo), Bolsonaro voltou a listar ações do governo de combate à pandemia, como a aquisição de imunizantes e repetiu que o Brasil é “o quinto país que mais vacinou no mundo”. Apesar disso, o governo tem sido criticado pelo atraso na compra de vacinas. Em algumas cidades do país, a vacinação precisou ser suspensa pela falta de doses.

“Quero destacar que hoje somos o quinto país que mais vacinou no mundo. Temos mais de 14 milhões de vacinados e mais de 32 milhões de doses de vacina distribuídas para todos os estados da federação, graças às ações que tomamos logo no início da pandemia”, declarou.

De acordo com o portal Our Wolrd In Data, o Brasil já aplicou 14.116.560 de doses. No total, 3.507.089 pessoas foram vacinas, o equivalente a 1,66% da população do país. Se considera a taxa de vacinação por habitantes, o país está na 58ª posição.

Esforço para melhorar imagem

O pronunciamento desta terça é uma tentativa do Palácio do Planalto de melhorar a imagem de Bolsonaro no tocante à condução da pandemia no país, que se aproxima das 300 mil mortes.

No ano passado, em diversas ocasiões, Bolsonaro afirmou que não tomaria a vacina porque já estava imunizado por ter sido infectado em julho – o que especialistas dizem não ser razão para evitar a imunização, pelo risco de reinfecção e disseminação do vírus.

Em outra oportunidade, em dezembro passado, ele argumentou que quem viesse a ser imunizado com a vacina da Pfizer poderia virar “jacaré”, se referindo a uma condição contratual que a empresa dos Estados Unidos estabelece para não se responsabilizar por eventuais efeitos colaterais após aplicação do imunizante. A prática é comum nas vacinações tradicionais.

Agora, o presidente tem defendido a “política da vacinação em massa”. O tom do chefe do Executivo segue crítico – com ataques a governadores que adotam medidas mais restritivas e em defesa de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19, por exemplo –, mas está mais ameno quando o assunto é imunização.

A mudança foi sugerida por auxiliares após o bunker digital do Planalto ter identificado uma queda no engajamento de apoiadores nas redes diante da postura contra a vacina, além de uma diminuição da popularidade do presidente.

Além disso, o discurso precisou ser reajustado após críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo sobre a forma como a pandemia vem sendo conduzida no país. No início do mês, o petista teve suas condenações na Lava Jato anuladas. Pela decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula recuperou os direitos políticos e voltou a ser elegível.

O petista recebeu a primeira dose da vacina no último fim de semana, em São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista.

Leia a íntegra do pronunciamento

Boa noite,

Estamos no momento de uma nova variante do coronavírus, que infelizmente tem tirado a vida de muitos brasileiros.

Desde o começo, eu disse que tínhamos dois grandes desafios: o vírus e o desemprego. E, em nenhum momento, o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome.

Quero destacar que hoje somos o quinto país que mais vacinou no mundo. Temos mais de 14 milhões de vacinados e mais de 32 milhões de doses de vacina distribuídas para todos os estados da federação, graças às ações que tomamos logo no início da pandemia.

Em julho de 2020, assinamos um acordo com a Universidade de Oxford para a produção, na Fiocruz, de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca e liberamos, em agosto, 1,9 bilhão de reais.

Em setembro de 2020, assinamos um acordo com o consórcio Covax Facility para a produção de 42 milhões de doses. O primeiro lote chegou no domingo passado e já foi distribuído para os estados.

Em dezembro, liberamos mais 20 bilhões de reais, o que possibilitou a aquisição da Coronavac, através do acordo com o Instituto Butantan.

Sempre afirmei que adotaríamos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa. E assim foi feito.

Hoje, somos produtores de vacina em território nacional. Mais do que isso, fabricaremos o próprio insumo farmacêutico ativo, que é a matéria prima necessária. Em poucos meses, seremos autossuficientes na produção de vacinas. Não sabemos por quanto tempo teremos que enfrentar essa doença mas a produção nacional vai garantir que possamos vacinar os brasileiros todos os anos, independentemente das variantes que possam surgir.

Neste mês, intercedi pessoalmente junto à fabricante Pfizer para a antecipação de 100 milhões de doses, que serão entregues até setembro de 2021. E também com a Janssen, garantindo 38 milhões de doses para este ano.

Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão garantidas: em março, 38 milhões de doses; em abril, 47; em maio, 47; em junho, 56; em julho, 36; em agosto, 35; em setembro, 117; em outubro, 32; em novembro, 32; e em dezembro,103 milhões.

Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população. Muito em breve, retomaremos nossa vida normal.

Solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em sua família. Que Deus conforte seus corações!

Estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros.

Somos incansáveis na luta contra o coronavírus. Essa é a missão e vamos cumpri-la.

Deus abençoe o nosso Brasil.

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