Bolsonaro diz que vacinação de crianças é “incógnita” e cobra Anvisa
Presidente afirmou que agência não informou qual o antídoto para possíveis efeitos colaterais. Especialistas e empresas veem riscos mínimos
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a questionar, nesta quarta-feira (12/1), a eficácia da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Em mais um episódio de embate com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autarquia federal que autorizou a aplicação do imunizante no público infantil, Bolsonaro disse que a administração do fármaco em crianças é uma “incógnita” e cobrou a agência sobre o “antídoto” para possíveis efeitos colaterais.
“A Anvisa não disse qual o antídoto para possíveis efeitos colaterais”, declarou o mandatário em entrevista concedida na manhã desta quarta à Gazeta Brasil. “É uma incógnita muito grande ainda isso tudo que está acontecendo no Brasil.”
Especialistas afirmam que os benefícios da aplicação do imunizante em crianças — já realizada em diversos países do mundo — superam os riscos. Segundo a equipe técnica da Anvisa, as informações avaliadas indicam que a vacina da Pfizer é segura e eficaz para o público infantil.
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O Brasil contabiliza 324 mortes de crianças entre 5 e 11 anos em decorrência do coronavírus, desde o início da pandemia, segundo dados coletados entre março de 2020 e a primeira semana deste ano, em cartórios de Registro Civil.
Entre as crianças, a faixa etária mais afetada pela doença foi a de 5 anos, com 65 mortes registradas. Em seguida, consta a idade de 6 anos, na qual houve 47 casos notificados; já em terceiro lugar, há um empate na quantidade de óbitos registrados em meninos e meninas com 7 e 11 anos, ambas as idades com 46 ocorrências cada. Crianças de 10 anos totalizaram 43 óbitos; as de 9, 40; e as de 8, 37 mortes.
Embates com diretor-presidente da Anvisa
Na semana passada, Bolsonaro questionou o que estaria por trás do interesse da agência de aprovar a vacina contra Covid para crianças: “O que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse daquelas pessoas taradas por vacina? É pela sua vida, pela sua saúde?”.
O diretor-presidente da Anvisa reagiu, no último sábado (8/1), à insinuação do presidente e fez um duro pedido de retratação ou de investigação, caso haja indícios de corrupção. “Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, senhor presidente”, disse.
Na segunda (10/1), Bolsonaro amenizou: “Não quero aqui acusar a Anvisa de absolutamente nada. Eu escolhi o Barra Torres, que ganhou luz própria. Espero que ele acerte na Anvisa. Não precisava agir daquela maneira. Ele fez uma nota agressiva”, lamentou o presidente durante a entrevista.
Cronograma da vacinação infantil
A campanha de imunização para crianças entre 5 e 11 anos no país está prevista para começar na segunda quinzena de janeiro.
Segundo o Ministério da Saúde, em janeiro, o país receberá 4,3 milhões de doses; em fevereiro, outras 7,2 milhões. Por fim, em março, será entregue o maior volume: 8,4 milhões.
Ao todo, de acordo com o planejamento do Ministério da Saúde, foram encomendadas mais de 20 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer para esta etapa da imunização.