Bolsonaro diz que ficou “a um metro e meio de Putin, mesmo sem vacina”
Em transmissão nas redes, presidente não citou exigência do governo russo que determinou a realização de cinco testes negativos para Covid
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 e disse, nesta sexta-feira (18/2), que, mesmo sem estar imunizado, se reuniu com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou, “a um metro e meio de distância”, ao contrário do presidente francês, Emmanuel Macron, que, vacinado contra a doença, manteve um distanciamento de mais dois metros do russo.
Para se reunir com Putin a poucos metros de distância, no entanto, o presidente brasileiro precisou ser submetido a uma série de exigências do governo russo, como a realização de uma série de testes RT-PRC de detecção da Covid-19. A testagem teve início ainda quando o chefe do Executivo brasileiro estava no Brasil, em 12 de fevereiro, e se estendeu até o dia do encontro com o russo, em 16 de fevereiro.
Por outro lado, Macron se recusou a fazer um teste de Covid-19 para se encontrar com Putin. Segundo informações da agência de notícias Reuters, o francês teve medo de ter seu DNA “roubado”. O encontro entre os dois chefes ocorreu com um distanciamento de mais de dois metros.
“Esse passaporte é uma segregação. Isso começar a dizer quem está de um lado e quem está do outro. Eu não tomei vacina e fiquei, mais de duas horas, a um metro e meio do presidente Putin. O Macron tomou vacina e ficou a ’10 metros’ de distância dele. Ah, pelo amor de Deus. O que está em jogo nessa questão da vacina, no meu entender? É a nossa liberdade. Você não pode começar a aceitar perder direitos em troca de garantias outras. Não pode. A liberdade é importantíssima”, disse Bolsonaro durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
“Não fomos à Rússia para tomar partido”
Na transmissão desta sexta, o presidente Jair Bolsonaro ainda disse que sua viagem ao país do leste europeu não teve o objetivo de “tomar partido”, mas que a agenda internacional tinha “um objetivo especifico”, como a exportação de fertilizantes.
“Eu estou muito feliz. Grato ao presidente russo [Vladimir Putin]. A gente pede a Deus que tenhamos paz na região. Eu até falei lá que o mundo é a nossa casa e Deus está acima de todos. Falei a mensagem de paz. Não fomos para tomar partido de ninguém. A nossa missão tinha um objetivo específico”, afirmou Bolsonaro, durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Veja a declaração de Bolsonaro:
“Não foi pra tomar partido de ninguém”, diz @jairbolsonaro sobre ida à Rússia.
Presidente afirmou que levou mensagem de paz durante passagem por Moscou.
Há pouco, porta-voz da Casa Branca disse que Brasil está “do lado oposto” da comunidade global
Leia: https://t.co/lF4AACfDLG pic.twitter.com/rDJLvhhQmK
— Metrópoles (@Metropoles) February 18, 2022
“Alguns levaram para o lado de que eu tava apoiando A, B ou C, não devia fazer isso, não devia fazer aquilo. Teve crítica, bastante. Viemos para cá. Ficou (sic) realmente boas impressões e bons negócios”, prosseguiu.
A declaração do presidente brasileiro ocorre após Jen Psaki, secretária de Imprensa do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticar a “solidariedade” de Bolsonaro à Rússia e dizer que parece que o Brasil está “do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”.
“Não discuti [esse assunto] diretamente com o presidente [Biden], mas eu diria que a vasta maioria da comunidade global está unida em uma visão compartilhada, de que invadir um outro país, tentar tirar parte do seu território, e aterrorizar a população, certamente não está alinhado com valores globais e, então, acho que o Brasil parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”, declarou a porta-voz.
Crise entre Rússia e Ucrânia
A viagem do presidente brasileiro a Moscou ocorreu em um momento de crise entre a Rússia e a Ucrânia. A instabilidade entre as nações se dá, sobretudo, em razão de a Rússia querer barrar a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que é liderada pelos Estados Unidos. Segundo o presidente norte-americano, Joe Biden, Putin está na “iminência” de invadir o país vizinho.
Na terça (15/2), a Rússia anunciou a retirada de parte dos militares posicionados na fronteira com a Ucrânia, mas não informou o número de soldados que foram retirados. De acordo com o governo norte-americano, mais de 100 mil soldados estão nas áreas fronteiriças.
No entanto, nesta sexta-feira (18/2), a agência Interfax divulgou que Putin vai supervisionar exercícios militares com armas nucleares neste sábado (19/2). Aleksandr Lukashenko, presidente da Bielorrússia, também participará da ação.