Bolsonaro diz que Fachin “comprovou” que sistema eleitoral é violável
Presidente questionou a apreensão do TSE sobre um ataque hacker às urnas: “Se o sistema eleitoral é inviolável, por que isso é preocupação?”
atualizado
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Nesta quarta-feira (16/2) o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a pôr em xeque a segurança das urnas eletrônicas ao dizer que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “comprovou” que o sistema eleitoral brasileiro de urnas eletrônicas não é confiável e pode ser violado.
Durante uma entrevista à Jovem Pan News, o chefe do Executivo federal comentou a preocupação da Justiça Eleitoral sobre uma “guerra contra a segurança no ciberespaço”.
O futuro presidente do TSE, ministro Luiz Edson Fachin, disse nessa terça-feira (15/2) que o Brasil sofre riscos de ataques de diversas formas e origens. O ministro chegou a citar a Rússia como exemplo: “A preocupação com o ciberespaço se avolumou imensamente nos últimos meses, e eu posso dizer a vocês que a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers, não apenas de atividades de criminosos, mas também de países, tal como a Rússia, que não têm legislação adequada de controle”, disse.
Na entrevista, Bolsonaro, que está em Moscou, na Rússia, definiu as declarações do ministro como uma “acusação”. “É triste e constrangedor para mim, que estou em solo russo, receber acusação de como se a Rússia se comportasse como um país terrorista digital”, afirmou.
“O próprio ministro Fachin acaba de comprovar, no meu entender, que ele não tem confiança no sistema eleitoral. […] Eu não sei por que esse desespero gratuito a um país – no qual o chefe de Estado brasileiro está presente –, como se aqui fosse um país que viesse a participar de forma criminosa em eleições no Brasil. Se o sistema eleitoral é inviolável, por que isso é preocupação? Acabaram de comprovar que existe a possibilidade de [a urna] ser violada”, prosseguiu Bolsonaro.
Eleições “limpas”
Na entrevista desta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro voltou a falar que as eleições deste ano devem ser “limpas” e “transparentes”.
“O que eu quero, o que eu entendo que a grande maioria do Brasil, dos cidadãos brasileiros, quer eleições limpas, sem qualquer indício de fraude”, afirmou.
“Nós queremos, sim, que as eleições sejam limpas, sejam transparentes, sejam auditáveis, e tenham uma contagem pública de votos. Isso é pedir muito? Era para o TSE estar abraçado comigo, e não o tempo todo estar atacando”, continuou Bolsonaro.
O presidente ainda disse que a preocupação da Justiça Eleitoral sobre os ataques ao sistema eleitoral mostra “claramente, que o TSE não está preparado para suportar um ataque hacker”.
“Não vou tecer qualquer comentário a mais, porque estou aguardando no momento, como todo o Brasil está aguardando aí, o que as Forças Armadas dirão sobre a documentação que recebeu do TSE. Se procede, se o TSE tem razão. Pode ser que o TSE tenha razão. Ou se não tem razão e o porquê, e aí os próximos passos serão dados pelas Forças Armadas. Lamentável essa declaração do ministro Fachin nesse sentido”, ressaltou Bolsonaro.
Veja:
Bolsonaro diz que Forças Armadas são “fiadoras” do processo eleitoral e que aguarda análise sobre dados enviados pelo TSE para que ‘próximos passos’ sejam definidos pelos militares.
Presidente também relatou que foi ignorado por Alexandre de Moraes durante encontro no Planalto. pic.twitter.com/i4l3wLVsd3
— Metrópoles (@Metropoles) February 16, 2022
No ano passado, a Câmara dos Deputados chegou a discutir a implementação do voto impresso, defendido por Bolsonaro, mas a Proposta de Emenda à Constituição foi rejeitada pelos parlamentares e acabou arquivada.