Bolsonaro diz que “dois ou três ficam enchendo o saco o tempo todo”
Presidente não citou ministros do Supremo Tribunal Federal, mas disse que alguns deles não admitem que o governo “trabalhe em paz”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta segunda-feira (4/4), que “dois ou três” – sem se referir a quem, apenas dizendo que são de “outro poder” – “ficam enchendo o saco o tempo todo”.
Apesar de não ter citado nomes, o mandatário do país fez referência aos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e que também integram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE): Luís Roberto Barroso (ex-presidente da Corte), Edson Fachin (atual presidente) e Alexandre de Moraes (que irá presidir o tribunal no pleito de outubro).
Durante almoço com empresários, no Rio de Janeiro, o presidente da República pediu para o setor boicotar a imprensa, e parar de anunciar em veículos que, segundo ele, “mentem o tempo todo”. Na sequência, ele critica os ministros do STF, mas sem citá-los.
“Eu peço a vocês [empresários], órgãos de imprensa que mentem o tempo todo, não anunciem nesses órgãos de imprensa. Não podemos avançar com mentiras. Falhas? Temos. Nós nos corrigimos quando se faz necessário. Mas realmente não é falha”, disse Bolsonaro.
“E não é só a imprensa. Tem dois ou três de outro poder que ficam enchendo o saco o tempo todo. Não admitem a gente trabalhar em paz no nosso país. E dizer a todos vocês, vocês não serão ninguém se faturarem muito, mas se perderem a liberdade”, acrescentou.
Barroso, Fachin e Moraes são o alvo predileto da artilharia de Bolsonaro, que diz não criticar poderes, mas autoridades. Após manifestação de 7 de Setembro, no ano passado, o presidente chegou a pedir ao Senado o impeachment de Moraes, o que não prosperou.
Outras críticas
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro voltou a lançar dúvidas sobre as eleições, quando disse, durante agenda no Nordeste: “não serão dois ou três” que vão decidir a contagem dos votos nas eleições de outubro.
Ele também disse esperar que as eleições deste ano ocorram “sem nenhuma surpresa” por parte da Justiça Eleitoral.
A volta das críticas de Bolsonaro aos ministros ocorre no momento em que ele é aconselhado, pelo comitê que trabalha pela sua reeleição como presidente da República, a “ter calma”. O grupo é liderado pelo Centrão.
Última pesquisa do Instituto Datafolha mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 43% das intenções de voto para o primeiro turno, contra 26% de Bolsonaro. Segundo o levantamento, a reprovação do governo Bolsonaro caiu para 46%. A aprovação da atual gestão é de 25%.
A avaliação do Planalto é de que críticas ao STF e ao sistema eleitoral acenam à base mais radical, que teve grande influência na eleição de Bolsonaro em 2018.