Bolsonaro diz que Decotelli não pretende ser problema e não confirma posse
Presidente disse que há “inadequações” no currículo do ministro da Educação, mas que o professor tem “capacidade” para chefiar pasta
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na noite desta segunda-feira (29/06) que o ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, “não pretende ser um problema”, apesar de irregularidades presentes em seu currículo (leia mais abaixo).
Em uma publicação feita nas redes sociais, Bolsonaro disse há “inadequações” no currículo do ministro, mas que Decotelli tem “capacidade” para ocupar o cargo.
“Desde quando anunciei o nome do Professor Decotelli para o Ministério da Educação só recebi mensagens de trabalho e honradez. Por inadequações curriculares o professor vem enfrentando todas as formas de deslegitimação para o Ministério”, escreveu o presidente.
“O Sr. Decotelli não pretende ser um problema para a sua pasta (Governo), bem como, está ciente de seu equívoco. Todos aqueles que conviveram com ele comprovam sua capacidade para construir uma Educação inclusiva e de oportunidades para todos”, acrescentou.
No comunicado, no entanto, Bolsonaro não confirma se Decotelli irá tomar posse como ministro da Educação. A cerimônia estava prevista para ocorrer nesta terça-feira (30/06), mas foi suspensa.
Na tarde desta segunda, o presidente chamou o ministro da Educação para uma conversa no Palácio do Planalto. Na ocasião, segundo Decotelli, Bolsonaro o questionou sobre currículo. Em conversa com a imprensa após o encontro com o presidente, o ministro disse que continua no cargo.
Polêmicas
As polêmicas envolvendo o nome de Decotelli tiveram início na sexta-feira (26/06), um dia após ser nomeado ministro da Educação. Desde então, duas instituições de ensino questionaram qualificações que o agora ex-ministro havia listado no próprio currículo na plataforma Lattes.
O reitor da Universidade de Rosário (Argentina), Franco Bartolacci, chegou a ir nas redes sociais questionar a inclusão do título de doutor indicado pelo ex-ministro.
Em resposta, o Ministério da Educação divulgou um certificado que atestava a conclusão de todos os créditos do doutorado de Decotelli em administração, mas que não provava que ele havia defendido a tese. Sem cumprir essa etapa, o título não pode ser concedido.
A contestação de Bartolacci levou o professor a alterar seu currículo, desta vez, fazendo a ressalva de que não houve, de fato, defesa de tese.
Nesta segunda-feira, a Universidade de Wüppertal, na Alemanha, contestou o pós-doutorado que constava na lista de qualificações de Decotelli. Segundo a instituição, ele não obteve “nenhum título” na universidade.
Além disso, também causou polêmica a constatação de que trechos da dissertação de mestrado de Decotelli continham partes semelhantes a de trabalhos publicados em anos anteriores por outros autores.
Por causa das notícias sobre o caso, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), onde ele fez o mestrado, informou que vai “apurar os fatos referentes à denúncia de plágio na dissertação do ministro Carlos Alberto Decotelli”.