Bolsonaro diz que críticas sobre Amazônia e Pantanal são “desproporcionais”
Incêndios que atingem Amazônia são os piores dos últimos 10 anos. No Pantanal, desmatamento aumentou 34,5% em um ano
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na noite desta quarta-feira (16/9) que as críticas sobre as queimadas na Amazônia e no Pantanal são “desproporcionais”.
Durante conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro comparou a situação brasileira com o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, que também tem sofrido com incêndios florestais.
Os incêndios que atingem o oeste dos EUA, no entanto, são menores. A título de comparação, estudos mostram que até o fim de agosto, o Pantanal teve 1 milhão e 864 mil hectares destruídos pelo fogo, enquanto a Califórnia perdeu 1 milhão e 400 mil.
“Tem críticas desproporcionais à Amazônia e ao Pantanal, né? Califórnia está ardendo em fogo. A África tem mais foco que no Brasil. Nós tentamos com a regularização fundiária resolver essa questão. Tem muita terra que ONG botou laranja aqui, então o lobby é enorme para você não fazer a regularização também”, disse o presidente, sem revelar provas ou indícios para sustentar a afirmação.
“Agora, pega fogo. O índio toca fogo, o caboclo; tem a geração espontânea. No Pantanal, 43ºC a temperatura média. No ano passado, quase não pegou fogo. Sobrou uma massa enorme de vegetais mortos para isso que está acontecendo agora”, alegou.
De acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados na terça-feira (15/9), os alertas de desmatamento na floresta subiram 68% em agosto de 2020 na comparação com o mesmo mês do ano passado.
No mês de agosto, o sistema de monitoramento do instituto contabilizou 29.307 focos de calor na Amazônia, um dos piores resultados dos últimos 10 anos.
Na região do Pantanal, pesquisadores dizem que as queimadas têm forte influência da região amazônica. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que as áreas de desmatamento aumentaram 34,5% no período de um ano, de agosto de 2019 a julho de 2020.
Nas duas primeiras semanas de setembro, foram registrados mais focos de queimadas do que em todo o mês de setembro de 2019, segundo o instituto. Em números, foram 20.486 contra 19.925.