Bolsonaro diz esperar que taxa Selic caia mais na próxima reunião do Copom
Na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, em agosto, taxa básica de juros foi reduzida de 2,25% para 2%
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (3/9) que espera que a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, seja novamente reduzida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Na última reunião do comitê, a taxa caiu de 2,25% para 2%. Foi o nono corte seguido na Selic, que atingiu o menor valor desde o início da série histórica, iniciada em junho de 1996.
“A Selic está 2%, ninguém nunca esperava acontecer isso no Brasil. Não foi no canetaço, não”, disse o presidente durante a costumeira transmissão de quinta-feira, ao vivo, nas redes sociais.
“Se o juros continuar [sic] caindo – claro que isso é de responsabilidade do Banco Central, e eu não participo disso, não interfiro – […] a gente fica feliz. Espero que caia na próxima vez, espero, daqui a uns 30 dias”, completou.
A redução anunciada em agosto era esperada pelo mercado financeiro. Isso porque, com a chegada da pandemia do coronavírus, a atividade econômica retraiu no Brasil. Como resultado, houve queda na inflação.
Em épocas de alta inflacionária, a taxa Selic foi usada como instrumento para tentar controlar os preços no país.
O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação, que é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelo Banco Central e Ministério da Economia.
Reforma administrativa
Na transmissão ao vivo desta quinta, o presidente também justificou o envio da reforma administrativa do governo ao Congresso Nacional. Segundo ele, “a conta [do serviço público] é alta para pagar”.
“O quadro de servidores encheu muito no Brasil. Alguns prefeitos no passado mais que dobravam o efetivo de servidores e a conta é alta para pagar. O que mais pesa para nós é a Previdência e servidor, aí incluindo o servidor civil e os militares da União. É enorme [o gasto]”, disse.
Na live, o presidente ressaltou que o texto não se aplica aos atuais servidores, mas apenas aos futuros, e que caberá aos parlamentares analisar a proposta.
“Não se aplica aos atuais servidores. Ponto final. É daqui pra frente. E não vou entrar em detalhes. O Congresso vai analisar, vai alterar, vai estender para os outros Poderes, talvez. Na parte do Executivo, está sendo feita a reforma administrativa”, declarou.
Em linhas gerais, o texto propõe o fim da aposentadoria compulsória como modalidade de punição e proibição de promoção por tempo de serviço.
A proposta prevê eliminar “vantagens e benefícios distorcidos” no funcionalismo público. Pontos como licença-prêmio, aumentos retroativos e férias superiores a 30 dias no ano, entre outros, serão revistos.
Além das mudanças nos benefícios, há alterações nas formas de vínculo com a administração pública e repercussões na estabilidade. A proposta sugere a exigência de dois anos em vínculo de experiência, com desempenho satisfatório, antes de estabelecer a estabilidade para os servidores.
A reforma do governo sugere que os servidores públicos tenham estabilidade após três anos de trabalho – e apenas parte das carreiras. O ingresso por concurso público terá vínculo de experiência que varia de um a três anos e somente as carreiras típicas de estado terão estabilidade.
A reforma administrativa ainda precisa ser analisada e aprovada pela Câmara e pelo Senado para virar lei. Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), precisa ser aprovada por 3/5 de cada Casa em dois turnos de votação.
O texto enviado pelo governo modifica somente as regras para os futuros servidores do poder Executivo federal. Não afeta os atuais servidores nem os profissionais do Legislativo e Judiciário.