Bolsonaro disse “não vou esperar foder minha família toda”, transcreve AGU
A Advocacia-geral da União defendeu o sigilo do conteúdo integral da reunião ministerial, mas aceita divulgar as falas do presidente
atualizado
Compartilhar notícia
Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (14/05), a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o sigilo do conteúdo integral do vídeo da reunião ministerial com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas disse aceitar a revelação das falas dele. Segundo a AGU, em determinado momento, o chefe do Executivo disse: “Eu não vou esperar f* minha família toda de sacanagem”.
Segundo a AGU, a sequência das gravações foi tirada de contexto. “As declarações presidenciais com alguma pertinência não estão no mesmo contexto, muitíssimo pelo contrário, estão elas temporal e radicalmente afastadas na própria sequência cronológica da reunião”, diz trecho da peça.
A declaração integral citada pela AGU é esta: “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança da ponta de linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”.
Após receber as gravações, o ministro Celso de Mello deu prazo de 48h para Moro, a AGU e a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestarem sobre a possibilidade de divulgação integral do conteúdo. O ex-ministro foi o primeiro a se posicionar. Falta, ainda, o posicionamento da PGR.
Veja a íntegra do documento:
AGU by Metropoles on Scribd
O ex-ministro foi a favor da divulgação. Segundo Moro, “a reivindicação pela publicidade total da gravação trará à luz inquietantes declarações de tom autoritário inviáveis de permanecerem nas sombras”.
O vídeo é tido como uma prova em relação às acusações que o ex-juiz da Lava Jato fez contra Bolsonaro. De acordo com ele, o chefe do Executivo quer interferir na Polícia Federal.
O prazo estabelecido pelo ministro do Supremo encerra nesta sexta-feira (14/05), pela manhã.