Na ONU, Bolsonaro fala em ameaça “socialista”, critica passaporte da vacina e defende tratamento precoce
Presidente afirmou que o governo investe na imunização contra o coronavírus e pontuou que, até novembro, quem desejar estará vacinado
atualizado
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Na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o Brasil estava “à beira do socialismo”. E frisou que o país não é a favor da exigência de comprovação de vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
O mandatário brasileiro afirmou que o governo está investindo na imunização, mas que não se pode obrigar a população a receber a proteção contra o vírus.
“Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina”, afirmou. Em contrapartida, disse que “até novembro, quem quiser será vacinado”.
Bolsonaro ainda defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19, criticado pela comunidade médico-científico. Ele também disse ser favorável à autonomia médica para prescrever drogas que os profissionais julguem eficazes.
No início da fala, o presidente destacou que seu objetivo na ONU era mudar a imagem internacional do país. “Venho mostrar aqui um Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões. Estamos há 2 anos e 8 meses sem nenhum caso de corrupção”, frisou.
Política ambiental
Bolsonaro elogiou a política ambiental brasileira. “Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa como a nossa. O país tem grandes desafios ambientais.”
Segundo o titular do Planalto, dois terços do território brasileiro são de vegetação nativa, remanescentes da época do descobrimento, em 1500. Na região amazônica, 84% da floresta estariam preservados. Além disso, o chefe do Executivo se comprometeu a zerar o desmatamento ilegal.
Veja a 76ª Assembleia Geral da ONU:
Bolsonaro foi o primeiro chefe de Estado a discursar na abertura da Assembleia da ONU, que reúne mais de 100 líderes na sede da organização, em Nova York. Tradicionalmente, cabe ao presidente do Brasil abrir a lista de oradores da conferência.
Havia forte expectativa em torno do discurso do mandatário brasileiro. Com pressão internacional em razão do aumento das queimadas e dos desmatamentos na Amazônia, esperava-se um recuo na questão ambiental.
Contrariando boa parte dos chefes de Estado, Bolsonaro compareceu à ONU sem estar vacinado contra a Covid-19. De acordo com levantamento feito pelo Metrópoles, dos 193 países que integram a ONU, 133 têm os seus representantes imunizados contra a doença, que já vitimou quase 230 milhões de pessoas em todo o mundo.
Há 74 anos, desde 1947, cabe tradicionalmente ao representante brasileiro abrir o debate geral da ONU. Esta é a terceira vez que Bolsonaro participa do evento. Em 2019, o presidente afirmou que o Brasil tinha “compromisso solene” com a preservação ambiental e defendeu a soberania na Amazônia.
Em 2020, o mandatário brasileiro, assim como outros chefes de Estado, participou da assembleia de forma remota, em razão da pandemia de coronavírus. Na ocasião, o titular do Planalto disse que o Brasil era “vítima” de campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal.