Bolsonaro demite presidente dos Correios: “Agiu como sindicalista”
Presidente ainda evitou falar sobre motivos da exoneração do general Santos Cruz. “Foi uma separação amigável”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou a demissão do atual presidente dos Correios, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, na manhã desta sexta-feira (14/06/2019). Segundo o mandatário da República, o cargo de Cunha chegou a ser oferecido ao general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido da Secretaria de Governo na quinta-feira (14/06/2019).
De acordo com o chefe do Executivo federal, o general Cunha “foi ao Congresso e agiu como sindicalista”.
Sobre a demissão de Santos Cruz, Bolsonaro evitou detalhar os motivos. Ele recorreu à metáfora do casamento para falar sobre o ex-ministro. “Foi uma separação amigável. Ele continua no meu coração”, disse em café da manhã com jornalistas.
Bolsonaro informou que ofereceu outros cargos dentro do governo ao general, inclusive o de presidente dos Correios, mas Santos Cruz não demonstrou vontade de permanecer.
O ex-ministro era contra o forte investimento de recursos na principal pauta do governo até o momento: a reforma da Previdência. Isso contrariava o ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem defendido um engajamento mais aguerrido do Planalto à reforma. Além de Guedes, o secretário de comunicação, Fábio Wejngarten, que era subordinado a Santos Cruz, defende o aumento das verbas publicitárias para meios de comunicação e redes sociais com foco na reforma.
O presidente Jair Bolsonaro recebeu, na manhã desta sexta-feira (14/06/2019), jornalistas que cobrem o dia a dia do Palácio do Planalto como setoristas. O Metrópoles estava entre os meios de comunicação convidados, bem como no último encontro com profissionais de mídia.
O general Santos Cruz é o terceiro ministro a deixar o governo, primeiro da ala militar. Ele era responsável pela Secretaria de Governo da Presidência da República, que passou a ser gerida por outro integrante das Forças Armadas, general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante militar do Sudeste.
O titular do Planalto disse que o substituto no cargo tem a vantagem de conhecer o Congresso e poderá ajudar na articulação política.
Ao falar sobre as especulações de que a demissão do ministro tivesse como causa crises envolvendo os filhos do presidente e o escritor Olavo de Carvalho, guru bolsonarista, o chefe do Executivo nacional negou a motivação.
“Não vi nenhuma tuitada de Olavo ontem”, enfatizou.
Desde que chegou ao Planalto, em janeiro, Santos Cruz foi alvo de seguidas críticas de filhos do presidente e embates com o guru. A comunicação de governo era um dos principais pontos de disputa.
Na quinta-feira (13/06/2019), Bolsonaro incumbiu outro militar do governo de comunicá-lo sobre a demissão. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, revelou a decisão pouco antes de Bolsonaro embarcar para Belém. No final da tarde, Santos Cruz divulgou uma carta de agradecimento, desejando “saúde, felicidade e sucesso” a Bolsonaro “e seus familiares”. Em resposta, o presidente disse que a decisão de exonerá-lo “não afeta a amizade, a admiração e o respeito mútuo”.