Bolsonaro critica MP pelo excesso de foco no combate à corrupção
O presidente disse também não ter pressa para escolher o substituto da procuradora-geral da República, Raquel Dodge
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta sexta-feira (16/08/2019) que não tem pressa para escolher o substituto da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. De acordo com o Chefe do Executivo, o nome de Vladmir Aras continua no páreo mesmo após diálogos revelados apontarem que Deltan Dallagnol, procurador da Lava Jato, teria intercedido em favor do nome de Aras para o cargo.
Para Bolsonaro, mesmo com as revelações, Aras não perde ponto na disputa. “Deltan articulou? Vazaram? Não sei se é verdade a informação. Agora, tem uns nomes ali que estão no mesmo nível. Deixa passar um pouquinho mais, não tem pressa”, disse Bolsonaro, que admitiu até que se tenha um interino no cargo, caso a indicação e a sabatina no Senado não ocorram até o fim do mandato da atual procuradora.
Bolsonaro apontou que o Ministério Público não pode se resumir ao combate à corrupção, uma clara referência à Operação Lava Jato. “O MP não pode ser só combate a corrupção. Tem um pessoal focado”, reclamou o presidente.
O presidente indicou quais características são esperadas de um procurador. Entre elas, está “não ser xiita” na defesa das questões ambientais e dos direitos de minorias.
“Coloca um cara que é radical no combate à corrupção e, na questão ambiental, ele é um xiita. Não pode fazer nada no Brasil. Questão das minorias, indigenista, ambiental, licenças ambientais. Poxa, está amarrado. O Brasil não vai para frente”, criticou.
“A pessoa tem que ser um pouco de tudo, ou um muito de pouco, não sei. Um pouco de tudo é melhor”, disse.
Ao explicar a relação constante a respeito de direitos de minorias, Bolsonaro recorreu a uma comparação numérica, ignorando o conceito de minoria em direitos, definição do termo. “As leis têm que ser feitas para proteger a maioria. Eu estou certo ou estou errado?”, questionou aos jornalistas durante a entrevista.
Ao ser confrontado com a definição de minoria, o presidente desconversou, rejeitando mais uma vez a definição. “Eu não sou politicamente correto e ponto final. Vocês sabiam que eu era assim? Não se pode mais contar piada no Brasil”.