Bolsonaro critica Mourão por fala sobre Ucrânia: “Competência é minha”
Mais cedo, vice-presidente disse que o Brasil não concorda com a invasão do país ucraniano. Para Bolsonaro, ele falou “algo que não deve”
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o vice, Hamilton Mourão (PRTB), por ter se manifestado sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. Mais cedo, o general afirmou que o Brasil não concorda com a invasão do país ucraniano.
Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o chefe do Executivo brasileiro disse que a competência para falar sobre assuntos do tipo é do presidente, não do vice.
“Deixar bem claro: o artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso — e falou mesmo, eu vi as imagens — está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa”, disse Bolsonaro durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Mourão foi o primeiro integrante do alto escalão brasileiro a comentar a situação. O general declarou que “tem que haver uso da força e apoio à Ucrânia”. O presidente brasileiro, por sua vez, não comentou o conflito no Leste Europeu até a noite desta quinta-feira, quando se limitou a dizer que o governo quer a paz.
“Só para vocês terem uma ideia. Não é combinado, é acertado naturalmente. Quando é que eu falo qualquer coisa sobre esse problema Rússia e Ucrânia? Eu falo depois de ouvir o ministro Carlos França, das Relações Exteriores, e o da Defesa, Braga Netto. E ponto final. Se for o caso, convido mais algum ministro para a gente tomar uma decisão”, afirmou.
“Tudo que estiver ao nosso alcance faremos pela paz. Então, quem fala dessas questões chama-se Jair Messias Bolsonaro. E quem dúvida disso pode procurar o artigo 84. Mais ninguém fala. Quem está falando está dando peruada naquilo que não lhe compete”, prosseguiu o presidente.
Ucrânia tem 57 mortos e 169 feridos após bombardeios da Rússia
Putin ameaça quem tentar interferir no conflito
Os ataques à Ucrânia tiveram início na madrugada desta quinta-feira. Logo após autorizar o início das operações militares no leste da Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, fez um pronunciamento no qual fez ameaças e disse que quem tentar interferir no conflito sofrerá consequências nunca vistas na história.
“Quem tentar interferir, ou ainda mais, criar ameaças para o nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências como nunca antes experimentado na história”, disse o líder russo.
O governo russo diz ter destruído mais de 70 alvos na Ucrânia, sendo 11 campos de pouso. A polícia ucraniana afirma que a Rússia realizou 203 ataques.
Ao comentar o conflito Rússia-Ucrânia, a União Europeia afirmou que a situação é uma das mais sombrias no continente desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Os confrontos chegaram à região onde ficava a usina nucelar de Chernobyl e a Ucrânia diz temer que a batalha no local espalhe uma “nuvem radioativa”.
Tropas russas avançam, cercam Kiev e tomam controle de Chernobyl
Em conversa com empresários russos, Putin disse que se prepara para responder às sanções impostas pelo Ocidente após o Kremlin reconhecer duas áreas separatistas do leste ucraniano e iniciar uma operação de ataque contra o país vizinho.
Putin disse aos agentes financeiros que “foi obrigado” a tomar a decisão de atacar a Ucrânia e que “não tinha como agir diferente”.
Abaixo, veja quais são as áreas bombardeadas pela Rússia na Ucrânia:
Ucrânia pede calma à população
Logo após o início das operações russas, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zenlensky, pediu calma à população e informou que está adotando a Lei Marcial – norma implementada em cenários de conflitos, crises civis e políticas, para substituir todas as leis e autoridades civis por leis militares.
“Caros cidadãos ucranianos, nesta manhã o presidente Putin anunciou uma operação militar especial em Donbass. A Rússia realizou ataques contra nossa infraestrutura militar e nossos guardas de fronteira. Ouviram-se explosões em muitas cidades da Ucrânia. Estamos introduzindo a Lei Marcial em todo o território do nosso país. Hoje cada um de vocês deve manter a calma. Fique em casa se puder. Nós estamos trabalhando. O Exército está trabalhando. Todo o setor de defesa e segurança está funcionando. Sem pânico. Nós somos fortes. Estamos prontos para tudo. Vamos vencer todos porque somos a Ucrânia”, disse o presidente ucraniano.
EUA reagem
Os Estados Unidos reagiram à notícia imediatamente e afirmaram, em nota, que o ataque da Rússia é injustificável e que o país pagará pelo que está causando ao mundo.
“Putin escolheu uma guerra premeditada que trará uma catastrófica perda de vidas e sofrimento humano. Apenas a Rússia é responsável pelas mortes e destruição que esse ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados irão responder de maneira unida e decisiva”, disse a Casa Branca.
Nesta tarde, o presidente Joe Biden anunciou uma série de restrições contra a Rússia. Veja quais são:
- limite à capacidade da Rússia de fazer negócios em dólar, libra, euro e iene;
- bloqueio às empresas estatais da Rússia dos mercados de dívida;
- corte do maior banco da Rússia do sistema financeiro dos EUA;
- bloqueio de metade das importações de alta tecnologia da Rússia;
- congelamento de ativos da Rússia nos EUA.