Bolsonaro convoca “tropa” de deputados para defendê-lo
Presidente se reuniu com alguns ministros e parlamentares para um café da manhã no Palácio da Alvorada nesta quarta-feira
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) convocou uma tropa de deputados da base para conceder entrevista em frente ao Palácio da Alvorada. Na agenda oficial do chefe do Executivo desta quarta-feira (29/4) constava um café da manhã apenas com o ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto; o chefe da secretaria de governo, Luiz Eduardo Ramos e líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).
Na saída da residência oficial, porém, Bolsonaro desceu de um dos carros do comboio, como de costume, acompanhado de parlamentares da base do governo, entre eles os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Hélio Lopes (PSL-RJ), Major Fabiana (PSL-RJ), Bibo Nunes (PSL-RS) e do filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Com exceção de Eduardo, Bolsonaro deu a palavra a cada um dos congressistas, que dedicaram o discurso a atacar a imprensa e justificar a fala do chefe do Executivo, que disse “E daí?” no dia que o Brasil ultrapassou a China no número de mortos pelo novo coronavírus.
“Eu peço a todas as pessoas que vão na página do presidente, aquelas que estão dizendo: ‘como o presidente fala isso?’. Vão lá, assistam a live que foi mostrada toda a fala dele. Vergonha o que vocês fizeram”, afirmou a deputada bolsonarista Bia Kicis, atribuindo à imprensa a má repercussão pela resposta de Bolsonaro.
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagres”, respondeu o presidente a uma pergunta sobre o recorde do número de mortos nessa terça-feira (28/04).
Carla Zambelli, outra parlamentar da base do governo e defensora de Bolsonaro, sustentou que o desemprego matará mais do que o novo coronavírus. Antes de tomar a palavra, jornalistas insistiram que Bolsonaro respondesse às perguntas, e não deputados.
“Por que, você tá desrespeitando uma parlamentar? Você está desrespeitando uma mulher. Ora, se comporte. A imprensa agredindo uma mulher”, irritou-se.
Ao retomar o discurso, Zambelli sustentou que 4,8 mil municípios não têm nenhum caso confirmado de Covid-19 e poderiam estar com todas as atividades em funcionamento.
“Pessoal, olha, só, vocês precisam pressionar os governadores e os prefeitos das suas cidades, porque tem mais de 4,8 mil cidades que não têm nenhum caso de coronavírus e poderiam estar andando normalmente, não é possível que a gente estimule o desemprego como está havendo. Vai ter muito mais morte por desemprego do que está tendo por coronavírus”, defendeu a deputada.