Bolsonaro consultou presidentes do Congresso e STF sobre Venezuela
Opiniões dos chefes dos três poderes da República teriam sido divergentes em relação à ajuda humanitária e outras formas de intervenção
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) dividiu com chefes dos outros dois Poderes da República a decisão sobre o envio de ajuda humanitária à Venezuela. A informação é da coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo.
Bolsonaro chamou reunião na sexta-feira (22) para apresentar o quadro no país vizinho aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do STF, Dias Toffoli. Também participaram do encontro um grupo de ministros.
Segundo a publicação, durante a conversa, o presidente da República pediu que cada um se posicionasse. Não houve consenso. Maia e militares do Planalto foram contra a “intervenção” no país vizinho. Os demais endossaram a iniciativa.
Pouco depois, o porta-voz do Planalto, general Otávio Rêgo Barros, anunciou a decisão da União de encaminhar alimentos não perecíveis e medicamentos para a fronteira, onde caminhões venezuelanos, dirigidos por cidadãos do país vizinhos, deveriam providenciar a retirada dos mantimentos do território brasileiro e entrada na Venezuela – o que ocorreu neste sábado (23).
Ainda conforme a coluna da Folha, os generais Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) teriam ponderado que o Brasil poderia emitir sinais equivocados ao se envolver na crise em um momento no qual a disputa política na Venezuela chega ao auge.
Eles ainda teriam argumentado que o país poderia estar sendo usado como isca para fomentar conflito e dar margem a uma intervenção militar, de fato, dos Estados Unidos em território venezuelano.
Segundo a coluna, Bolsonaro, então, teria garantido aos presentes que não autorizaria o ingresso de tropas americanas na Venezuela por meio do território brasileiro. Opinaram pela ajuda humanitária os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, além de Toffoli e Alcolumbre.
Por fim, o jornal informa que interlocutores do chanceler Ernesto Araújo acreditam que Maduro não deve investir com força contra venezuelanos ou brasileiros. “São só provocações. A Venezuela não tem condição de levar isso adiante”, avaliou um deles. Ex-ministros da Defesa também disseram à reportagem que a Venezuela não tem interesse em provocar conflito intenso na fronteira.
Ao menos duas pessoas morreram em embate nesta sexta, e 13 feridos foram socorridos a hospitais de Roraima após conflitos neste sábado entre oposicionistas de Nicólas Maduro e forças de segurança da venezuela.