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Bolsonaro: “Conflito entre Rússia e Ucrânia atrapalha o mundo todo”

Presidente lamentou guerra e disse que tem seus “limites”. No dia anterior, ele falou que Putin era um dos homens mais poderosos do mundo

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Jair Messias Bolsonaro
1 de 1 Jair Messias Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (9/3) que o conflito entre Rússia e Ucrânia “atrapalha o mundo todo”. A presença de tropas russas em território ucraniano já dura 14 dias, e a ofensiva militar é considerada a maior registrada na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial.

A declaração foi feita durante ligação de vídeo do presidente ao ministro das Relações Exteriores, Carlos França. Na chamada, Bolsonaro conversa com os brasileiros que viviam na Ucrânia e que estão retornando ao Brasil em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

O chefe do Executivo federal deve recepcionar os 42 brasileiros durante cerimônia marcada para esta quinta-feira (10/3), às 12h, na Base Aérea de Brasília.

Durante a ligação, ele lamentou o conflito entre os países e disse que ele, como presidente, “tem limites”. “A gente lamenta o ocorrido e torce pela paz. Eu tenho meu limite, tenho meus limites. E isso aí que está acontecendo atrapalha o mundo todo”, disse o presidente.

Veja:

A declaração ocorre um dia depois de Bolsonaro dizer que o presidente russo, Vladimir Putin, é “um dos homens mais poderosos do mundo”. Durante encontro com lideranças evangélicas, ele relembrou a reunião bilateral que teve com Putin quando esteve na Rússia, em fevereiro.

“Há poucas semanas, eu estive com um dos homens mais poderosos do mundo. Ele vive um conflito com o país vizinho [Ucrânia]. […] Eu me lembro muito bem da mensagem que eu poderia dar naquele momento. Falei: ‘Presidente Putin, o mundo é a nossa casa e Deus está acima de todos nós'”, afirmou.

Desde o início do conflito no Leste Europeu, o presidente Jair Bolsonaro tem sido pressionado para condenar a invasão de tropas russas ao território ucraniano. Quando se manifesta sobre o assunto, Bolsonaro não cita a Rússia de forma direta e diz que a posição do Brasil é “clara” e tem sido transmitida por meio dos “canais adequados”, como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

O presidente brasileiro tem reforçado uma “posição de equilíbrio” em relação ao conflito.

“Muita gente questiona que o presidente precisa ter uma posição mais firme de um lado ou de outro. O Brasil continua numa posição de equilíbrio. Nós temos negócios com os dois países. Não temos a capacidade de resolver esse assunto. Então, o equilíbrio é a posição mais sensata por parte do governo federal”, afirmou Bolsonaro na semana passada.

“Nós torcemos – e o que for possível, nós faremos – pela paz. A guerra não vai produzir benefícios para nenhum dos dois países, muito menos para o mundo. Qualquer conflito, nós estamos vendo, as consequências estão aí”, acrescentou.

Conflito entre Rússia e Ucrânia

Com autorização do presidente russo, Vladimir Putin, tropas militares invadiram o território ucraniano em 24 de fevereiro.

Já são 14 dias de bombardeios. O governo da Ucrânia pede a retirada imediata das tropas russas do país. Ainda não houve acordo. Delegações das duas nações negociam um cessar-fogo.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

 

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