Bolsonaro: “Como eu posso aceitar o cartão vacinal se eu não tomei?”
Presidente voltou a fazer críticas à proposta de exigir um comprovante de vacinação contra a Covid-19
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar nesta quinta-feira (9/12) a exigência do comprovante de imunização contra a Covid-19, apelidado de passaporte da vacina. O mandatário disse que não vai instituir a obrigação porque ele mesmo não se imunizou.
“Queriam que a gente impusesse aqui a obrigação do cartão vacinal. Como eu posso aceitar o cartão vacinal se eu não tomei vacina? E é um direito meu de não tomar, como é direito de qualquer um”, disse o presidente em discurso durante evento de comemoração ao Dia Internacional contra a Corrupção.
A portaria do governo federal, publicada nesta quinta, não exige o comprovante. Determina que os visitantes que não apresentarem exame PCR com resultado negativo para a Covid e comprovante de vacinação dos imunizantes aprovados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não cumpram quarentena antes de seguir viagem.
Saiba quais são as novas regras para entrada de turistas no Brasil
Confira os pontos mais importantes da medida:
Apto a se vacinar, o mandatário do país alega que não irá fazê-lo, sob o argumento de que o fato de já ter sido infectado pelo vírus, no ano passado, contribui para a sua imunização. Especialistas refutam o entendimento do presidente.
Em vez disso, o governo preferiu adotar a quarentena de cinco dias e o teste RT-PCR negativo antes de liberar estrangeiros não vacinados para circular no país.
A Anvisa havia recomendado a exigência do comprovante de vacinação contra o coronavírus para estrangeiros após o surgimento da nova variante, a Ômicron.
O governo federal, no entanto, preferiu adotar quarentena de cinco dias e teste RT-PCR negativo antes de liberar a circulação de estrangeiros não vacinados pelo país. Será exigida quarentena de cinco dias para aqueles que não apresentarem o comprovante de vacinação contra Covid-19 ao desembarcarem no Brasil.
Críticas a Doria
Bolsonaro também criticou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por ter estipulado a exigência do comprovante nos aeroportos internacionais de São Paulo e no Porto de Santos a partir de 16 de dezembro.
“O Brasil não pode ser paraíso de negacionistas. Isso é um direito que nos cabe, apesar de fisicamente ser propriedade do governo federal e ter administração da Infraero, mas o território do estado de São Paulo é de responsabilidade do Governo do estado de São Paulo. O mesmo se aplica aos portos”, afirmou Doria.
O STF tem precedentes para negar restrições impostas pelos estados em aeroportos. No ano passado, o governo federal questionou na Corte normas implementadas na Bahia e no Maranhão que criavam barreiras sanitárias nos aeroportos desses estados, e saiu vencedor.
Entretanto, o Supremo já afirmou, em diversos julgamentos, que a União, os estados e municípios têm competência para tomar medidas a fim de conter a pandemia de Covid-19, dentro de seus territórios e competências.
Bolsonaro elogiava medida aprovada pela Assembleia Legislativa de Rondônia proibindo a exigência do documento quando criticou o governador paulista:
“Vimos aprovar no dia de ontem, na Assembleia Legislativa de Rondônia, a proibição da exigência do passaporte vacinal. Está lá o governador Marcos [Rocha] vai agora decidir se ele vai sancionar ou vetar. Eu tenho certeza que ele vai sancionar. Enquanto outro governador da região Sudeste quer fazer o contrário e ameaça: ‘Ninguém vai entrar no meu estado se não estiver vacinado’. Teu estado é o cacete, porra. E nós todos temos que reagir. E reagir como? Protestando contra isso.”
Após @jdoriajr afirmar que São Paulo pode exigir passaporte vacinal, Bolsonaro responde: ‘teu estado é o cacete’.
Presidente sugeriu que a população reaja protestando contra a medida. pic.twitter.com/KOOtn5byzO
— Metrópoles (@Metropoles) December 9, 2021