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Bolsonaro cita dados de gestões anteriores em fala na Cúpula do Clima

Na Cúpula do Clima, presidente muda tom, cita conquistas de governos petistas e da Rio-92. Bolsonaro ainda comemorou efeitos da Rio-92

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
Cúpula de Líderes sobre o Clima
1 de 1 Cúpula de Líderes sobre o Clima - Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudou o tom ao discursar na Cúpula do Clima, evento que reúne lideranças mundiais para a discussão de metas para reduzir o aquecimento global.

Sob forte pressão e acumulando críticas à gestão da política ambiental, Bolsonaro usou dados de governos anteriores e comemorou os efeitos da Rio-92 — conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e o desenvolvimento — para marcar a atuação do Brasil.

“Nos últimos 15 anos, evitamos emissão de 7,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera”, afirmou. O cálculo leva em consideração conquistas de políticas ambientais dos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

Nessas gestões, o Brasil apresentou as metas no Acordo de Paris, tratado internacional sobre a mudança do clima,  e a implementação da política de biocombustíveis, com ênfase no etanol e no biodiesel.

“Reafirmamos em 1992, no Rio de Janeiro, que o direito ao desenvolvimento deve ser de tal forma que resposta equitativa às necessidades ambientais”, citou, ao falar em “responsabilidade coletiva”.

Desde o início da gestão Bolsonaro, a condução da política ambiental do governo sofre críticas. A principal delas é ligada à desidratação dos órgãos de fiscalização ambiental e aumento do desmatamento.

Além disso, o governo defende garimpo e mineração em áreas de proteção ambiental, como reservas indígenas.

Apoio internacional

Sob a gestão de Bolsonaro, o Brasil passou a ser considerado uma ex-potência climática e perdeu apoio internacional. A Alemanha e a Noruega, por exemplo, cortaram investimentos no fundo que promovia a proteção da Floresta Amazônica.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é visto como uma ameaça aos parâmetros de preservação e conservação de recursos naturais. Mesmo envolvido em diversas polêmicas, Salles é admirado pelo chefe do Palácio do Planalto e pela ala ideológica do governo.

Salles foi alvo de notícia-crime da Polícia Federal do Amazonas e passou a ser investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente atrapalhar apuração sobre madeireiras ilegais.

Artistas, governadores e ex-ministros enviaram cartas ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que convocou a reunião da cúpula, criticando a política ambiental do governo Bolsonaro.

Desde terça-feira (20/4), servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgaram carta na qual denunciam que estão com suas atividades de fiscalização totalmente paradas, desde que Salles mudou o rito para a aplicação de multas ambientais.

Na contramão, o presidente declarou apoio ao órgão durante o discurso na cúpula. “Determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais”, resumiu.

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