Bolsonaro chama de “covardia” investigações sobre o Telegram
Sem fornecer mais detalhes, presidente disse que o governo está tratando do assunto. MPF e TSE conduzem investigações sobre aplicativo russo
atualizado
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Questionado nesta quinta-feira (27/1) sobre o Telegram, o presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou como “covardia” as investigações que o Judiciário brasileiro tem promovido em cima do aplicativo de mensagens instantâneas.
“A gente está vendo aqui a covardia que estão querendo fazer com o Brasil, né? Covardia, né?”, disse o presidente a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, sem especificar a quem se referia.
Na sequência, uma apoiadora perguntou, também sem detalhar a quem se referia, se não estariam tentando cortar a comunicação de bolsonaristas, ao que o mandatário rebateu: “Não vou responder, a gente está tratando disso aí”.
A conversa foi registrada por um canal no YouTube simpático ao presidente.
O Ministério Público Federal (MPF) tem fechado o cerco ao aplicativo e indicado que ele pode ser alvo de medidas judiciais, inclusive com a possibilidade de banimento do Brasil.
O aplicativo, que não tem representação legal no país, tem sido acusado de não colaborar no combate às informações falsas. O WhatsApp, aplicativo semelhante, é apontado como mais colaborativo. Especialistas apontam ainda que o app da empresa Meta traz mecanismos de controle e prevenção à disseminação de fake news, diferentemente do Telegram.
Recentemente, o Metrópoles mostrou que o Telegram é terreno fértil para propagação de teses negacionistas, contando até mesmo com busca por relacionamentos entre pessoas não vacinadas e dicas de empregos sem exigência de vacinação.
Telegram nas eleições
Após tentar contato com o diretor da plataforma de mensagens, Pavel Durov, por diversas vezes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, deixou marcado encontro com os colegas da Corte para discutir como será tratado o uso do app durante as eleições gerais de 2022.
A intenção é evitar a disseminação de fake news e trabalhar dentro do Programa de Enfrentamento à Desinformação.
Na volta do recesso, em 1º de fevereiro de 2022, o presidente do TSE vai discutir internamente com os ministros as providências possíveis em relação ao Telegram. A possibilidade de banimento da plataforma das redes não é descartada.
Desde dezembro de 2021, o TSE celebrou parcerias com quase todas as principais plataformas tecnológicas e não deseja abrir exceções.
Em ofício enviado ao Telegram, Barroso ressaltou que a plataforma apresenta rápido crescimento no país e que muitas teorias da conspiração e informações falsas sobre o sistema eleitoral têm sido disseminadas no aplicativo sem que exista qualquer restrição.
Assim, a tentativa de contato seria para formalizar uma cooperação, o que não foi possível até o momento, por falta de respostas.
“O Telegram não respondeu aos contatos feitos pelo TSE. Diante disso, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, entende que nenhum ator relevante no processo eleitoral de 2022 pode operar no Brasil sem representação jurídica adequada, responsável pelo cumprimento da legislação nacional e das decisões judiciais”, afirmou o TSE ao Metrópoles.